domingo, 10 de abril de 2011

Do vermelho escorre fogo. Água, sangue: solidão?


Fez-se os olhos do próprio coração, para que palpitasse também as lágrimas de solidão.
Ali estava, sem cigarro na mão, vendo a fumaça que saia do chão. Cinza jorrando pelo ar, e desenhos a flutuar por toda parte, até a imensidão. Poderia dar-te a mão? Não.
 Os pés corriam passos para longe do toque, e, mesmo que os dedos quisessem ou pudessem alcançar, os ombros permaneciam, abaixo da cabeça, acima do coração. O lamento entrou em combustão, e os pés deliravam no chão. Assim ia, assim fazia. Delírios que corroíam o colchão, permaneciam entre as pernas e mãos, que suavemente tocavam a si mesmo. Os olhos de coração, despejavam lágrimas corridas de sangue, que jorrava como água com o sal feito pedra, sangue pesado, ardido, escorrendo na contra mão da face. E desejou ter dito mais uma vez não.
 Assim, as lágrimas de solidão, trouxeram a raiva que dilacerava o coração. Poderia ir à luta, dar uma chance a própria razão? Alcançaria os sonhos de dormir sem temer o coração? Que tudo sentia e pouco fazia, fazendo- o derrubar, prato e panela, antes que chegassem as mãos? Sem feijão no fogo, sem alimento de antemão, assim alimentava os sentimentos: com fome, angústia, insatisfação: de não querer nada! Geladeira, banheiro ou mansão. Almejando somente o vento, para levá-lo dali- pra bem mais perto da solidão. Solidão que sentia, mesmo entremeio um milhão. Solidão que queria, mais do que qualquer pão. Solidão que despia, a roupa da noite na nudez do dia, que sorrindo se ia, cada vez mais perto: no chão. E no alto, permanecia, o movimento dos dias, com lágrimas misturando sangue e solidão: palpitava rápido o coração, dilatando os olhos, perturbando a cabeça, pés e mãos.
Um litro de água, pra observar a evaporação.
Fósforo: atear fogo no colchão, deixar livre o coração... Que nos olhos, despeja amor, escorrendo em sangue e solidão...