terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O gosto que afoga os olhos


Corre! Encontra os passos e os deixe vagar. DE-VA-GAR! Na lentidão rápida dos risos instigados pelos sonhos.
Eu contraponho?
Ossos passos construindo o compasso.
Leve. O baixo gritando alto.
Bumbo das batidas correndo nas veias do cora - ção batendo nas tuas mãos. Bonito.
Bonita menina que corria na rua, longe do agora. Perto no antes. Teu ontem, quem sabe meu amanhã. Naquele passado constante que não pára e às vezes, confunde. Inala o presente, mastiga as linhas do espaço-tempo  futuro.
Constrói o branco no brando, querendo mais cor no lento – agora rápido.
Aqueles passos fixados na leveza das flores do vestido rodado da menina que corria e lhe sorria de longe. Eu, tu, lá. Como um compasso se iniciando na quinta de Lá!
O tom do batom dos meus lábios, A!
Uma sinfonia muda, uma nota só, carregando outras partituras que correm nuas e livres em meio às flores da rua... O asfalto quente. O teu desejo no passado, futuro e presente do subjuntivo, nas veias do meu coração.

Aquele Damião


Corta as raízes dos pés e amarra balões no coração.
Deixa a vida correr nas mãos enquanto teus olhos caminham na multidão.
Sente o bocejo da noite mostrando certa a direção dos sonhos além do teu colchão.
Anda fora da linha, mastiga as formigas que levam o doce do teu coração.
Pára quando o compasso ultrapassar os ¾ da garrafa quebrada no chão.
Volta com os teus braços, no delicado abraço, que sorri para a fumaça daquele teu pulmão.
Olha naquele espelho, manchado de batom vermelho, que desperta as lembranças do porão.
Enxerga nos teus próprios olhos o gosto do relógio que explode como vulcão.
Lança tuas unhas no vento, prá esquecer o velho sofrimento que alimenta a paixão.
Busca no amargo das feridas, a tranqüilidade no fim da tarde com as partidas de gamão.
Vai com os balões pelo vento, sorri para ti livrando os lamentos, que entristecem o coração.

Parágrafo teu, meu


Não fique com medo meu bem! É só o vento convidando as árvores para dançar e a minha vontade de te tocar, em pensamento. Escorrendo pela janela, guiando os lábios pelo asfalto, ralando a língua na velocidade do blues que encanta os tímpanos... Ah, o blues! Misturado com a tua pele faz até, a estrela mais distante delirar. E eu, enquanto calo, falo ao vento, que lhe convide também á dançar, perto de mim. Esquecendo o sal das lágrimas passadas, comovendo os risos que acontecem agora, no sano-insano desejo de querer mastigar os teus olhos, e entregar-lhe os meus, com blues.