terça-feira, 19 de julho de 2011

Pulsa o querer


É no silencio da noite que me provocas, que com doce olhar me seduz enquanto canta em meus ouvidos as notas em lá menor.
Compõe canções dos meus sonhos, de te tocar, de longe.
Como mariposa desejando o calor da lâmpada minha pele te aclama... Pede que atravesses esse elo distante que nos separa, que te cerca e aprisiona... Esses olhos negros-claros que sorriem ao meu lado, mas não permitem te tocar... Pois tua boca boceja o gosto meu, que daqui salivo, olhando-te de perto-longe. Esses teus passos que me torturam, toda vez que longe vai, mais perto fica. E, não há nada tão bonito quanto o som daquele teu velho olhar, na sombra escura, que provoca o teu próprio riso, ao me ver – crua. Feita em pedaços de tortura com teus risos, que me sustentam. E num passe, distorce... Aprisiona ainda mais teus pensamentos. Esconde. Corre... E, quanto mais longe vai, mais perto fica. Permanece. No gosto do riso das canções que te refletem, ao passo que minha pele crua, ainda espera a hora, do toque. Teu. Meu.  

Saliva e som


Me contenta esse teu riso não dado,
e tua boca que dizia – no silêncio.
Faz-te santo nos meus olhos,
cativando a alegria.
Corre solto pela noite,
abraça, aquece a ventania.
Arrasta a face à alegria,
de viver sem clarear o dia.
Traz da noite o teu silêncio,
afoga a minha fantasia.
Pinta os olhos em minhas lágrimas doces,
amargo o riso não contagia.
Que não só de encantos faz-se o dia,
nem de vertigens se enche a agonia.
O silêncio grita nos olhos em choro,
querendo o riso ao raiar do dia.
Fecha os olhos contemplando a noite,
na presença sentida de longe.
Perto o riso – silêncio dito,
quer-te os olhos e depois os ouvidos.

Diz-te
Aqui, entre o chão de pedra do caminho que te levas e te machucas os pés, encara a dor.
Chora as feridas entre os dedos, e deixa pra trás as unhas que te impedem de seguir.
Segue com o teu riso, mesmo na presença da dor.
Transforma o sal que te corta a face, em mais uma canção de amor.
Acredita no teu riso.
Faz da tua dança o sublime olhar em teu interior.
Reflete o que tu sentes, esquece essa dor.
Leva a alegria e o riso, o encanto e o esplendor.

Corre!


Vem correndo nessa noite
Noite pressa vem trazer
Que as estrelas longe brilham
A vontade do correr
Correr pra longe o passo
Acelerar o coração
Palpitando a pele nua
Condensando a solidão
Dedos soltos em ti cantam
O som dos poros, pés e mãos
Teu movimento e riso solto
Libertam a escuridão
Faz do brilho das estrelas
O olhar da compaixão
Que a lua em ti reflete
Desejo, sangue, respiração.

Manhã


O canto verde acelera. Traz as folhas perto de ti.
Teu corpo leve entre o gramado, aquele sorriso do feriado – cinza trancado.
Prédios que condenam os passos, e ainda assim te calas.
Aclama a liberdade que te cerca, e que tu não vês.
Dança com o amor que te sorri, ao lado esquerdo.
Escolhe a dança, da alma.
Perdoa os passos dados sem saber.
Liberta esse querer que te engasga.
Traz na tua voz o som do azul
Que tua pele rabisca então reluz, o brilho da manhã que ainda não vi.

Demora- espera


Então vá.
Não demores, fujas do meu olhar
Que te dilacera.
Te afasta. Em choro.
Lágrimas de angústia do querer.
Respira.
Encontra os passos e limpa o teu armário.
Corre da chuva que te lava.
Deixa a lama nos sapatos, e se afasta de mim.
Chore o meu choro, transformado em riso.
Esquece a cor daquele batom, que rabiscou o vidro.
Fecha a porta e se vá.
Encontra os passos, esquece a mala...
Desprenda-se
Escolhe o olhar
Engole o choro
Fujas do meu olhar, que te aprisiona
Corre
Leva o começo, deixa aqui o fim
Engole
Relata os passos, te libertas, de mim
Cuida os olhos, escolhe bem as lágrimas
Que o riso, sozinho sorri
Encontra o caminho
Saia daqui!

Sal, pele


E me inspira toda vez que te retorce e te aclama. A pela escassa, da luxúria que te cerca os passos. Dos teus sorrisos, beijos marcados no porta retrato, que escondes entre a gaveta e teus escritos. Os rabiscos da leveza da caneta que com raiva quebrastes, depois de prender os fios leves do teu cabelo, que naquela manhã, enquanto o sol trazia risos, tu choravas escondido em ti mesmo. Disfarçando nas lentes a angústia do saber. Aquele saber de longe, mas sentido perto. Na pele. Tua.

Move lábios, mãos a dança


Tão doce vinha o vento. Trazendo amor e esquecendo-se dos lamentos.
Poderia então dançar?
O sorriso bailava no ar, cabelos deliciavam-se com os movimentos.
Os olhos, perdiam-se no horizonte e fechavam-se.
Não via a boca se quer um minuto sem sorrir! E como sorria! E como me encantava!
Ah, ela contagiava!
Aquele vermelho doce, me fitava, me convidava a dar-te outros mais risos como se estabelecesse uma conexão.
Estendia-me a mão que suave me tocava, então, eu dançava.
Tão doce se sustentava, permanecia, queria. Ficava. O tempo então parava.
Uma felicidade! Que se refletia em cada passo, ato, compasso daquela dança... Do viver dançando e aproveitando a felicidade de ser... Realmente o que se é! Transparecendo nos pés: a dança tocando alma e coração.
Ela tocava-me com os olhos, fazia-me sorrir com tuas mãos.
Sorrisos, dança, o vento vermelho contornando o chão.