sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Flutuar...


Eu ficava horas pensando qual seria o melhor momento para escrever. Quantas vezes meus pensamentos deveriam deslizar por entre o arco-íris, para que então eu descobrisse que aquele era, o momento exato para escrever.
Em tantos deslizares, percebi que perdia muitas coisas, entre o querer, o saber e o poder pô-las no papel. Já me disse aquele velho amigo bruxo que o meu ‘problema’ era “sonhar demais!” (E hoje nos reencontramos.) Demorei algum tempo [ou muito tempo, prá dizer a verdade], para realmente abrir os olhos e ver que as palavras daquele velho bruxo, realmente eram repletas de Verdade. Eu sonhava demais. E foi assim desde o tempo de primário vendo meus chinelinhos verdes com maçãs desenhadas; eu preferia estar ali, criando as minhas fantasias, caminhando até a escola. É difícil dizer isso para mim mesma, mas ainda hoje isso acontece. Precisei olhar, desenhar, flutuar... Para então sentar e escrever. Tantas foram às vezes no caminho da rua prá casa, ou vice-versa, em que pensava em criar uma máquina, que escrevesse todos os meus pensamentos, para que eu não perdesse nada, nada. Sei que não perco, que tudo aquilo que eu criei está ali, esperando o meu despertar. Sei também, que ás vezes é difícil demonstrar, ou escrever tudo aquilo que eu queria, ou na verdade, tudo que insiste incessantemente em ser escrito. [...]
A ânsia de vômito torna-se presente, quando se come aquilo que não se quer; ou quando se come demais aquilo que se queria.[...]
Por quê escrever todas aquelas linhas se tudo está ao meu lado, em minha frente, no tempo Presente?

Se eu quero?

Já vi padre caindo da cadeira no jogo de cartas. Vi demônios entrando na Igreja e depois bebendo cachaça com suas camisas de cruzes ao contrário. Vi donzelas lambendo outras. Vi o céu em chamas, e o caminhão de bombeiros sem água. Vi risos perdidos no tempo, com lágrimas fragmentadas na face que beijava aquela linda moça, que um dia eu admirei. O vento passou diante dos meus olhos, e, eu pude ver cada onda. Ver cada pedacinho do vento quebrando sobre os meus cabelos, que voavam loucamente naquela manhã de inverno. Manhã da qual me deparei com tudo aquilo que tinha até então visto, e tudo aquilo que eu deixara de ver. Como que se cada um se sobrepusesse, e embaralhasse ainda mais a minha mente insana - sana, que pensava na loucura dos planetas. Eu me libertava. [...]
A todo instante, o frio deixava meus pés imóveis e minhas mãos com tons de roxos. Como se eu tivesse batido contra a face de outro alguém, com toda a minha força. Como se eu fosse capaz de fazer isso. E sou.

Abrir de Olhos


O amor nos encontra, porque antes de estar em qualquer outro lugar, ele está em nós mesmos. Está em cada átomo do nosso corpo, em cada abrir de olhos no amanhecer. Em cada passo, em cada bocejo, em cada sorriso de bom dia, ou mesmo nas lágrimas do outono. O amor está ali. O amor para consigo mesmo. Amor este, que deveria fazer-nos respeitar ao máximo nós mesmos. Amor que deveria nos fazer cuidar, do nosso corpo e da nossa alma. O amor próprio é o que nos mantém vivos por mais tempo. Por que cultivando-o, cuidamos da nossa alimentação, da nossa respiração. Observamos o que os nossos olhos estão vendo, sentimos cada batida do nosso coração, movemos os passos com cuidado, para assim, não pisar em areia movediça e ser consumido no mesmo lugar. O amor próprio pode ser visto como responsável por muitas das coisas boas e ruins que nos acontecem. É ele que nos faz ir adiante quando partimos o nosso coração ao meio. Por que, não se pode culpar outra pessoa por isso, é escolha de cada um as coisas que acontecem ou não na vida...
Mas, esse amor, é na medida certa! Demais faz mal, de menos também. É preciso encontrar o equilíbrio. Chamo esse equilíbrio de humildade. A humildade nos dá a vida que sonhamos. Ela nos mostra os dois lados que existem em tudo. Orienta-nos na melhor forma de fazer as coisas, de seguir e de movimentar as nuvens do nosso céu...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

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Ás vezes, a cabeça explode e o pensamento voa; e independentemente do que ele vá atingir, ele acontece. Machuca. Mas faz ter vontade de andar, andar e flutuar ainda mais!
Ah, se a vida tivesse sempre o cheiro das flores da primavera... Sentiria eu, o gosto do gelo no inverno?
Lágrimas ás vezes, como bolhas de sabão.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O ante-ponto

Analisando as criações humanas, quais foram pensadas para então suprir uma determinada necessidade, vemos que o homem cria coisas e mais coisas. Coisas que eliminam um suposto problema, e causam outro. Mais tarde, cria outra coisa para eliminar o problema anterior criado. Assim, se cria uma enorme ‘cadeia’ de invenções interligadas com causas e conseqüências. Então, giramos. Evoluímos e ficamos no mesmo lugar; porque não estamos preparados para aquilo que criamos. Não estamos preparados para sermos o que somos, não temos consciência do que somos, do que não somos.
O ser humano vive nessa roda gigante, porque é impossível saber o que acontecerá amanhã com aquilo que ele mesmo fizera hoje. [Impossível?] Portanto, é necessário arriscar... No hoje, no agora. Expor as idéias, vendo o impacto que elas causarão no agora; imaginando o que poderão gerar no futuro. Usar da loucura conscientemente, para que mais tarde, não tenha que contradizer-se em relação áquilo que um dia foi pensado.
Tendo isso em vista, pensa-se: como posso eu, saber o que pensar, fazer, dizer hoje, sem probabilidade de haver uma contradição daquilo que se pensou, se fez ou se disse mais tarde? Vendo isso, conclui-se que não posso afirmar tais idéias, atos, vozes, porque posso vir a mudar tudo isso. E, mudando tudo isso, estarei escrevendo uma nova visão daquilo que tive anteriormente. Mas o que foi pensado anteriormente, não some; não se pode ignorá-lo e sim, observar as duas visões, para que futuramente possa-se criar uma terceira visão, está que originará uma quarta visão, e assim sucessivamente... Assim, obtemos a continuidade de um pensamento primórdio que pode originar até mesmo o vácuo quântico. A vontade de evoluir, de se expandir, é o que faz as mitocôndrias funcionarem...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sobre Relacionamentos

     O ser humano insiste em procurar no outro aquilo que ele encontra somente em si mesmo.
    Por que o ser humano precisa de um companheiro/a ao seu lado? As cores realmente mudam de cor quando temos ao nosso lado alguém para partilhar essa cor? Digo com toda a certeza: as cores não mudam! Continuam as mesmas. Quem muda, somos nós: que criamos a expectativa de que tudo ‘á dois’ é diferente, é mais bonito; quando na verdade, tudo é ‘sempre’ tão bonito, mas não enxergamos. Deixamos de viver tudo que há de mais maravilhoso sozinho, na esperança de encontrar alguém para dividir tais momentos. Por que a grande maioria não divide consigo mesmo?
    Observando as muitas pessoas que vejo, não encontro outro motivo para a incansável busca pela ‘sua alma gêmea’ se não o medo. E são tantos esses medos, que é difícil saber por onde começar a tentar entende-los. Acredito que o maior medo seja a solidão. Ter de agüentar-se toda a vida. Algumas pessoas não se agüentam nem quando estão no banho, que dirá agüentara-se-ão todos os dias de sua vida, acordando e vendo no espelho a mesma cara mal humorada. Precisamos de alguém que nos ature. Alguém para nos ouvir. O ser humano tem uma necessidade enorme de estar sempre a se comunicar com um aqui, outro ali. São poucos os que se calam, os que ouvem. Tantos são aqueles que querem falar, serem ouvidos...
Essa necessidade que criamos, em ter alguém para dividir a vida, algumas vezes, nos faz perder aquilo que chamamos de vida. E isso, a sociedade mesmo nos diz. Diz-nos que precisamos encontrar a pessoa certa. E nos dias em que vivemos, e mesmo há séculos atrás, o que nos encanta é a pessoa errada. Por que, a pessoa certa [como qualquer coisa ‘certa’ que possa vir a existir, se não estiver camuflada,]... Podemos realmente dividir pessoas em certas e erradas? A concepção de certo e errado, tratando-se de atos humanos é interminavelmente variável. Muda de pessoa para pessoa. Não podemos julgar os atos humanos por certos e/ou errados. Não sabemos o que se passa na cabeça de determinado indivíduo. Quem mata uma pessoa, por exemplo, talvez naquele momento, na hora em que o indivíduo precisou apertar o gatilho, talvez aquilo fosse o mais certo a se fazer ‘dentro da sua cabeça’. Não estou defendendo o fato de pessoas matarem pessoas, [apesar de isso ser bem normal nos dias de hoje, como as fogueiras se tornaram na inquisição; o homem se adapta facilmente aos fins que ele cria para a sociedade, e, faz com que a mesma se adapte;], mas estou defendendo o direito que cada um tem de pensar, criar, determinar o que cada perna fará no próximo passo e de certa forma ser entendido pela sociedade. E se tratando disso, digo: a sociedade não está pronta para abrigar o homem que ela mesma ‘criou’. Nossos meios nos moldam, e muitas são as vezes em que ele justifica determinados atos.
Contudo, falando de relacionamentos. O ser humano busca outro ser da mesma espécie, para uma infinidade de fins: companheirismo, alguém para construir uma família [que mais tarde pode vir a ser destruída por ele mesmo, quando esta não é construída com alicerces firmes,], alguém para sorrir ao acordar ao seu lado, e chorar também quando você chega tarde do trabalho, alguém para fazer o seu almoço, e prá você fazer esperar para o jantar; são tantas as contradições que regem um relacionamento, que se ele fosse 100% daquilo que criamos, não teria graça. É claro que nem todos os relacionamentos se tornam um ‘inferno’. Existem aqueles que terminam antes de virar o ‘inferno’. Não estou sendo fatalista, nem pessimista. Mas o realismo me atrai muito. Alguns relacionamentos, porém, são tudo de mais lindo que se pode existir, já presenciei alguns, no entanto, não tive a oportunidade de vê-los ao desenrolar dos dias, e hoje não sei se ainda esses seres estão juntos. Mas me alegrava em vê-los, sorridentes a cantar a ver o sol nascer, a dividir o guarda-chuva.
Podemos determinar que para uma relação dar certo, ela tem de passar pelos seguintes passos: 1º se conhece a pessoa [mesmo achando isso impossível, afinal, não teremos como saber como a pessoa reagirá em determinadas situações das quis nós também não imaginamos,]; 2º se namora, se quer a pessoa por perto, se casa, se mora junto, enfim, todas as palavras que o ser humano encontrou para dizer quando esta a ter alguém ao seu lado; 3º se constrói aquilo que chamamos de família, para que assim a sociedade cresça ‘bem’ estruturada. Faz-me rir! Isso [para não dizer que NÃO] dificilmente acontece. [Foram raras às vezes em que isso aconteceu no decorrer de toda a história. Uma vez, os pais decidiam com quem os filhos iriam se casar, outras, a classe social em que cada um se encontrava, decidia com quem poder-ião vir a se casar...]. Nesses dias em que o sol queima mais forte, quem decide quem casa com quem, são os filhos, porque na maioria das vezes eles ‘aparecem’ sem mesmo saberem-se quem é o pai. Assim criamos uma sociedade familiar sem estrutura, que gerará mais tarde a desestruturação do nosso meio. Acredito que a falta de estrutura familiar é responsável por grande parte do analfabetismo, da pobreza, da criminalidade, da prostituição, do tráfico, da violência...
É visto que essa falta de estrutura foi construída com o passar dos anos. E que, apesar de algumas coisas estarem sendo feitas para que se tenha consciência disso, para se mudar isso, essas vertigens não acabarão do dia para a noite. Se há tanto a se fazer, por que então nos iludimos na busca pelo outro, quando não encontramos nós mesmos?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Como escrever [?]



     No decorrer da história, o homem encontrou muitas maneiras de manifestar seus sentimentos. Manifesta-os na música, na dança, enfim, em tudo que por ele possa ser compartilhado. Assim surgiu a escrita. Criada na antiguidade, em um período visto como de revoluções: o período Neolítico. É uma das principais características das grandes civilizações. A escrita facilitou muito a vida da população na época; onde cada aldeia tinha sua própria escrita, que era adaptada de um lugar para outro. Assim a escrita vem acompanhando o homem e, à medida que o mesmo evolui, a escrita se adapta. E hoje, a escrita esta por todos os lados: em propagandas, na TV, nos jornais, em livros, na internet; onde olharmos ela estará lá, nos acenando, dizendo - olhe para mim! Leia-me! Mas infelizmente alguma coisa acontece e, a maioria das pessoas não lê. Ou na verdade lêem, mas somente o que é fácil, o que é pequeno, o que tem poucas palavras para decifrar. Deveríamos ler tudo! Por isso escrevo, porque leio tudo em minha volta, a partir disso, deixo manifestar pelas minhas mãos um sussurrar no ouvido, desvendando o que vi, ou que me iludi em ter visto.
Contudo a escrita recebe muita crítica. Afinal, não temos críticos para tudo nesse mundo? E, o que seríamos sem a tão aclamada e sufocante crítica? O que faço com a crítica? Vejo dois tipos de críticas: a primeira é a que tem um olhar singular diante do que está escrito, a que aponta o que você pode mudar e melhorar, essa crítica te faz querer ir adiante, buscando sempre aprimorar o que sabe e buscar mais conhecimentos; a segunda crítica, é aquela que diz que 'nada esta bom!' e, geralmente é dada por pessoas que levam muito as regras da escrita ao pé da letra, e que buscam ler, ver, ouvir, apenas o que a idéia positivista 'manda' na sua cabeça. Afinal, você pode ler o livro do Agostinho Dias Carneiro, que você poderá vir á aprender como escrever. Aprenderá como dar ao seu texto concordância, coerência, como deixar o seu texto coeso, como deixá-lo 'perfeito' perante a língua portuguesa. Mas, isso basta? De outro lado Marcos Bagno nos apresenta as variantes da Língua Portuguesa. Portanto, o único direito que me dou, diante de outros textos é: analisá-los. A partir disso construo algo novo. Por que, independente de regras, formas de escrita, tempos verbais, tipologias textuais, escrevo o que sinto. Julgo ser mais importante demonstrar o que sinto mediante o que escrevo, do que me camuflar atrás de conceitos.
Escrevo, porque as palavras estão em mim, saem de mim [...] Ao ler as palavras que deixo não se preocupe em compreender o verdadeiro sentido da escrita [ele pode mudar a todo instante], mas tente sentir as palavras, deixe-se flutuar por elas. Afinal, a cada nova palavra que escrevo, que leio, que interligo, É uma ilha que desvendo [...].

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um pequeno olhar sobre o desenvolvimento da civilização.


Com o desenrolar da história, e praticamente ao passar dos ‘grandes’ fatos da história, tem-se a separação dos tempos. E dentro dessa separação encontra-se a História Antiga, com todo seu ‘charme’ de desenvolvimento e as suas civilizações.
Na História Antiga [dentro dela], temos seus ‘sub-períodos’. Temos o desenvolvimento das ‘coisas’ no período Paleolítico, onde a civilização possuía características tais como: são nômades, vivem com intensidade o hoje; isso porque o ontem já tinha sido ganho, e o amanhã era incerto. Viviam com o ser puro-'selvagem' que desconhecia o ter. Como não tinham um lugar fixo para morada, não possuíam estabilidade. Assim, suas vidas eram baseadas em confrontos com a natureza, na luta pela sobrevivência. Afinal, não tinham conhecimento sobre os fenômenos que os cercavam.
     Mesmo não havendo um pensamento estritamente complexo, ainda que para época o seja, as tarefas eram divididas entre o grupo: os homens caçavam, pescavam e, as mulheres coletavam os frutos e cuidavam das crianças. Essas tarefas eram de tais formas divididas, não pelo fato do homem ‘ser mais forte’, mas porque as mulheres aonde iam, deveriam levar as crianças; isso de certa forma, chamaria mais a atenção dos animais, assim, dificultaria a caçada. Desse modo, podemos observar o sentimento humano, presente desde os primórdios. O fato de a mulher sair na coleta, ou onde fosse, e, ter sempre por perto os filhos, nos faz perceber aonde o papel de ‘mãe’ começou. As mulheres eram tão importantes quanto os homens que caçavam. São elas que fixam a continuidade do grupo. Procriam, mantém a existência do grupo.
Além da grande luta que enfrentavam com a natureza, para a sobrevivência. Existia um laço entre eles. Existia certa união do grupo, na luta para a sobrevivência do mesmo. A prova disso é a alegria provocada pela satisfação, na caçada de um grande animal. Quando isso acontecia, todos se reuniam e festejavam [O ato de festejar, também nos acompanha há muito tempo]. Chamamos nesse período essas ‘festas’ de rituais [Afinal, até hoje os rituais existem, com formas diferentes, mas estão ao nosso lado]. O que caracteriza um desses rituais, são as pinturas encontradas nas cavernas. Acredita-se que tais pinturas eram feitas, para que assim, trouxesse mais prosperidade nas caçadas. Outra característica desse período, é que, não possuíam uma linguagem concreta. Comunicavam-se através de gestos. Contudo, a sobrevivência era difícil; uniam então, a necessidade com a criatividade. Assim tal período abrigou determinados seres pela capacidade que obtiveram em sobreviver com ‘os próprios dentes’.
Uma das principais características, para uma civilização ser uma grande civilização é a escrita. Porém, temos os Incas, que apesar de não possuírem uma forma de escrita, são considerados uma grande civilização, com grande importância na história.
A história, com o passar dos segundos e anos, se molda. Ela cria, se renova dia após dia em que a Terra gira. E com as mudanças, vem a evolução. Passamos do período Paleolítico para o período Neolítico: período da Pedra Polida, da revolução. O homem deixa, aos poucos, de ser nômade, e chega ao sedentarismo. Nesse período o homem ocupasse na transformação do meio em que vive. "Passa a aproveitar mais o tempo". Há a descoberta da agricultura. Passaram a cultivar seu próprio alimento: começaram a plantar e a colher. E, enquanto alguns plantavam, outros porém, desenvolviam habilidades artísticas. Como por exemplo: produção de cestos. Foi nesse período em que se teve a origem da cerâmica, esta que mais tarde foi importante no desenvolvimento para a origem da roda, grande invenção que marca o período Neolítico.
A partir daí, começa a fabricação de utensílios. Estes, que lhes permitem agora, armazenar comida e água. O desenvolvimento artístico, a fabricação de utensílios, trouxe consigo uma forma de ‘comércio’ a base de trocas. Tendo assim, como armazenar os alimentos, o amanhã era ganho hoje! Passaram a ter uma base de sobrevivência um tanto quanto mais estável, do que se tinha antes disso.
A fabricação de vasos foi importante também, para a descoberta do cozinhar. Com os vasos, descobriram um novo sabor para os alimentos: agora poderiam comê-los crus e/ou cozidos. Através das louças mudaram seu cotidiano. As descobertas eram fulminantemente ativas. Como por exemplo, a expectativa de misturar ‘ingredientes’ e obter uma espécie de ‘cerveja’. Uma mistura feita de grãos, raízes e água quente, esta última era esquentada com pedras quentes. Criar um líquido até então jamais visto, aprimorá-lo, para que então hoje possamos tomar ‘uma gelada’. A atração pelo novo move o homem até os dias de hoje. Essa mistura trazia certa tontura. Também, não havia uma distinção á respeito de quem beberia ou não o líquido. Ele era compartilhado entre homens, mulheres e crianças. Todos bebiam, fazia parte do seu ritual.
A evolução mais uma vez mostra a cara e, traz a criação dos armazéns. Isso facilita ainda mais a ‘dita’ sobrevivência. Também surge a burocracia, onde os sacerdotes e os religiosos eram privados do poder. Surgiram também os mitos e seus deuses. Aparecem também as obras públicas, das quais o homem era praticamente obrigado a ajudar. Afinal, ‘os deuses’ ficariam felizes se assim fizessem. Começaram as construções de casas, construção de bens. Com isso, o homem passou a se importar com os bens materiais. A luta pelo ter começara.
Com a fixação de moradas e formação de aldeias, surgiram as invenções, que facilitariam a vida do homem. Também, cada civilização adaptava a forma de escrita e fala. Cada qual conforme sua aldeia. Daí tem-se o surgimento das várias línguas. A escrita cresceu como uma forma de poder; também facilitou o comércio. E foi a revolução que eu mais admiro. É com ela que desvendamos os mais misteriosos traços da nossa existência, é com ela que criamos os mais fantásticos mundos. A invenção da roda ajudou o homem a dar um salto na evolução das civilizações. Com ela agora podiam transportar os produtos para o comércio. [Podemos ver o capitalismo até mesmo, onde ele ainda não ‘existia’.] Nas feiras que surgiram com o comércio, não se trocavam apenas alimentos e produtos. Mas também se trocavam idéias. Informações sobre o que acontecia eram transmitidas ali. Assim, os reis conseguiam obter informações sobre o que acontecia nas redondezas.
Com o desenrolar dos anos, comércio, idéias. Apareceu a competitividade entre as cidades. A Lei, que era considerada sagrada, predominava. Movia e deixava tudo no mesmo lugar. As Leis, não poderiam ser contrariadas e sim, rigorosamente obedecidas. Caso contrário uma chuva de ‘desgraça’ cairia sobre cada qual que a violasse.
Por fim, vemos que as civilizações só evoluíram, porque de alguma forma, se propuseram a modificar o que já existia. Foram criativos, criaram, reinventaram. Mudaram geograficamente o seu meio através do trabalho. Através da organização do homem/natureza. Através do trabalho organizado, coletivo e transformado. Assim, migramos para a contínua evolução; [...]

domingo, 15 de novembro de 2009

Pedras em chama

Correr, andar caminhar. 
O homem foge e não sabe para onde vai; vive num meio, modifica-o.
O poeta continua a jogar pedras no meio do caminho.
Pedras que inquietam aqueles que tem sede... sede de mudança!
Pedras que libertam os que não sabem por onde querem ir.
Pedras que alguns usam de caminho, outros de calçada; ainda há aqueles que constroem moradas.
Pedras que sufocam e amedrontam os que dela tem medo; porque ela pode mudar o meio.
Pedras que escorrem das mãos de uns, enquanto outros as guardam sem saber onde guardá-las.
Pedras que se usam para construir escadas, para chegar ao nada que mostra tudo.
Ah, se tivesse outra pedra, continuaria a jogá-la, lá onde todo mundo passa; para ver se realmente limparia a poeira, e do vento mantivesse; e outras pedras chamasse, para atirá-las novamente. [...]

Veias que movimentam o sangue

Eu sou uma pessoa que acredita no amor, mesmo ele estando tão raro nos dias de hoje, mesmo as pessoas caminhando rumo ao 'ninguém é de ninguém', acredito no amor porque sinto o amor. As pessoas passam a deixar de lado o amor porque se decepcionam e tem medo de se machucar mais uma vez. Por que como já disse Carlos Drummond de Andrade "Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida, aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa." Neste momento tem alguma pessoa em algum lugar no mundo com o coração em pedaços, há também outra com o coração palpitando intensamente de alegria por estar perto de quem se ama. O amor é assim, não se procura, ele nos encontra. [...]

Roda Gigante


É correto afirmar que em todo o mundo temos seres humanos que são engenheiros quando na verdade queriam ser professores, enfermeiras que na verdade são dançarinas, mecânicos que sonhavam em estar nos campos de futebol, caixas de banco que desfilam no corredor de suas casas. O fatalismo passa a estar presente na vida de cada uma dessas pessoas, que passam a se conformar com a vida que levam, concordando todos os dias que são felizes tais como estão [como o ser humano gosta de se iludir!]. Todas as pessoas sonham quando crianças, mas algumas continuam a sonhar quando adultas. Walter Benjamin encontra o 'destruidor dos sonhos humanos', que se chama: capitalismo. Sistema que o próprio homem criou. Nosso sistema é extremamente egoísta e anômalo, produz um homem sem memória e  assim, sem história. A maioria das pessoas sonham enquanto crianças, talvez até a adolescência, mas conforme crescem, o sistema as faz perceber que não é isso que ele quer de cada uma delas. Então, a busca dentro do mercado de trabalho torna-se mais importante que os sorrisos na conquista do sonho. Mas o sistema não faz as pessoas menos felizes do que seriam se fossem o que realmente queriam [pelo menos faz com que a maioria da população trabalhadora pense assim]. Substitui-se a satisfação do sonho realizado, pelo 'prazer' de ter um carro novo, de estar na moda, ter todos os aparelhos tecnológicos que se inventa a cada nascer do sol. O consumismo passou a ser tão importante quanto o ar que respiramos. Criou-se uma vida cíclica num sistema que chamo de cíclin [evoluem-se todos os dias os inventários humanos que sempre estão voltados para o consumismo]. Assim, as pessoas respiram para comprar e compram para respirar. Se nos uníssemos seríamos muito maiores do que qualquer sistema ou governo, mas quem em nossa sociedade está realmente disposto a trocar seu computador por sua liberdade? Acredito que cada ser humano seja responsável por quaisquer coisas que lhe aconteça. Abandonamos nossos sonhos, porque abaixamos a cabeça. Com isso temos um 'bando' de profissionais estressados, incompetentes a nossa volta. Nosso sistema prolifera tudo que tentamos acabar: a violência, o tráfico, a prostituição. Nosso sistema investe para que as pessoas fiquem cada vez mais egocêntricas; contribui para que a verdadeira informação diante dos fatos não chegue a grande massa populacional; nosso sistema só está aqui, porque nós o construímos e erguemos todos os dias seu pedestal [...]

Cultura e seus antecedentes históricos

     Cultura. Poderíamos definir cultura como sendo tudo que o homem faz na sociedade; seus costumes, seus hábitos, sua religiosidade, suas crenças, enfim, tudo que o homem adquire como membro da sociedade; todas as transformações do homem em relação ao seu meio e a ele próprio. A palavra 'cultura', tem origem na palavra 'Kultur' [palavra germânica que simbolizava os aspectos espirituais de uma determinada comunidade], e também, com a palavra francesa civilization [que são as realizações materias de um povo], com o vocábulo inglês 'culture' que nada mais é, do que o complexo etnográfico que envolve o homem com tudo que o cerca. Edward Tylor (1832-1917) 'usou' a cultura como objeto para estudo, como sendo um fenômeno natural, que tinha causas e conseqüências. Formulou assim, a partir de seu estudo objetivo e análise feita, uma 'evolução' da culturalização.
     O ser humano adquire conhecimentos no decorrer de toda sua vida; nasce sabendo de nada, e morre sabendo muito pouco da complexidade que nos envolve. Portanto, construímos nosso conhecimento a partir das coisas que vemos, ouvimos, lemos. Nosso conhecimento se manifesta pela nossa cultura, nossa vivência, com todas as coisas que estão relacionadas às nossas transformações; o que nos torna melhores ou piores sujeitos diante à sociedade está intrinsecamente relacionado com a cultura qual seguimos, vivenciamos, transformamos.
     John Locke (1632-1704), pensador do século XVII compara o homem com uma simples folha de papel em branco, pois nascemos sem conhecimento nenhum, e construímos a nossa formação a partir do processo de endoculturação [processo de aprendizagem de uma cultura onde o indivíduo começa a adquirir seus valores e experiência desde seu nascimento até a sua morte].
     Mas, será que tudo a nossa volta, todas as coisas que o homem cria, modifica, tudo que 'transforma' em cultura, realmente nos traz mais conhecimentos a ponto de fazer com que um indivíduo mude de comportamento? Segundo Marvin Harris (1969), antropólogo americano, sim. Ele afirma que todas as transformações afetam o comportamento humano. Jacques Turgot (1727-1781) afirma também que: "[...] o homem é capaz de de assegurar a retenção de suas idéias eruditas, comunicá-las para outros homens e transmiti-la para os seus descendentes com uma herança sempre crescente." Ou seja, nosso conhecimento não tem um fim propriamente dito; tem um começo, mas tudo o que fizemos pode ser aprimorado, transformado futuramente.
     Em 1775, seguindo os passos de John Locke e Jacques Turgot, Jean-Jacques Rousseau atribuiu à educação como sendo fundamental no processo da cultura. Em 1950 Kroeber escreveu que "a maior realização antropológica da metade do século XX, foi a ampliação e a clarificação do conceito de cultura." Em 1973 Geertz escreveu o tema mais importante da teoria antropológica: "diminuir a amplitude do conceito e transformá-lo num instrumento mais especializado e mais poderoso teoricamente."
   É em 1871 que o próprio Tylor define cultura como sendo todo comportamento aprendido, tudo aquilo que independe de uma transmissão genética, como diríamos hoje. O homem seria então, o único ser que possui cultura, o único ser que pode adquirir conhecimentos, transmiti-los e formar o que chamamos de cultura.

A boca saliva

São tantas as cores e sabores em nossa volta, que as vontades se despertam junto com o abrir de olhos pela manhã. Ver no céu, o sol misturado com as cores laranja, amarelo e vermelho; e até o azul do céu transpira no seu brilho e esplendor. E se não houver Sol, nas nuvens cinzas que se formam, para então despejar as gotas que caem e molham a terra, há igualmente esplendor. E esta terra, que tem cheiro de paz, apesar do sangue vermelho que lhe escorre em veias no solo, quando as gotas da chuva encharcam seu corpo tornando-a ainda mais fértil. Fértil para fazer brotar as sementes que geram os frutos. Frutos que eu acabara de comer naquela manhã em que acordara mais cedo para apreciar o amanhecer do Sol, e vira ele com o misturado do laranja, amarelo e vermelho; e até mesmo o azul do céu transpira no seu brilho e esplendor, mesmo que chova.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

... parece que o ser humano 'nunca' está preparado para aquilo que ele próprio cria... (isso é mentira.)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Lume dos Olhos


Sentada à beira de mim mesma, tendo em minha frente tantos pensamentos. A canção me diz que os pássaros continuam a cantar. E eu, todos nós temos de continuar a cantar. As pessoas cantam como os pássaros. Existe alguma diferença entre o homem e o pássaro, quando a questão é cantar? Quem sabe a distância das cordas vocais inebriando o som. [...]
Nós escolhemos a trilha sonora da nossa vida; somos responsáveis por cada semitom da nossa caminhada. Escolhemos quando o espetáculo começa, e somos nós que fechamos as cortinas. Temos de criar nossa própria partitura; decidir a hora de trocar ou não de acorde. Ter os ouvidos aguçados, prara conseguir distinguir a hora certa de usar as bemóis. A escala rústica-diatônica pode não sair perfeita [afinal, tratando-se de perfeição, há muito a questionar...], o importante é fazê-la! Transpassar os dedos, ir e voltar. Mas não ficar no mesmo lugar. Temos de andar. Muitas serão as vezes que precisaremos repensar. Talvez determinada música fique melhor em outro tom. Precisamos ter coragem prá voltar atrás; trocar a música de tom, melhorar os arpejos. A questão é: temos tempo prá voltar atrás? As pessoas a nossa volta, e até mesmo nós mesmos, já podemos ter nos acostumado [não me rendo a esta última palavra] com o som que sai do trompete? Por que nos rendemos tão facilmente à sociedade a nossa volta? Rendemos a nós mesmos e as nossas pequenas vontades.
Nos rendemos a todo instante [sim, me incluo porque presencio tudo isso, posso até dizer que faço parte disso tudo, como é bastante óbvio]. Não precisamos olhar ao redor, é só olharmos para nós mesmos, que vamos encontrar a rendição com as mais variadas faces. Sete notas musicais [e todas as suas ‘variantes’], e insistimos em permanecer na mesma nota. Na mesma seqüência de dedos, no mesmo bocejo depois de um dia intenso de trabalho. Aceitamos tão fácil a decepção, que as tentativas não acontecem mais com tanta freqüência, do que quando tínhamos 10 anos e, nos esforçávamos prá montar um castelo com cartas velhas de baralho, onde repousavam os mais ferozes dragões.
Como escrevi anteriormente: ‘ nos conformamos’. Pergunto-me todos os dias: porque não vou além? Por que não vou mais além ainda? Ainda não encontrei uma resposta que me aquietasse (nem singular, nem plural).
Talvez, à medida que enfrentamos partituras mais complicadas, complexas, acabamos por desistir. Por seguir com aquilo que se aprendeu. Às vezes não se queira ir além; então se constrói uma sinfonia com o que se tem [talvez seja por isso que existem tantas coisas ‘ruins’ nos mais variáveis campos do mundo]. E quando se fala em ‘ter’; o pouco pode ser muito, e vice-versa [depende da qualidade, que existe (ou não) por aí].
Olho ao meu redor, nesta tarde de domingo, com sol rachando aqui ao lado; o vento meu amigo me refresca enquanto a minha alma dança. E olhando as ruas que atravessam minha casa, estão as pessoas. Todas rendidas [afinal, de certa forma estamos todos rendidos à alguma coisa; podemos achar que não, mas estamos; e se não fomos rendidos ainda, qualquer dia alguém nos rende na rua e nos leva o relógio. Nesse dia, apesar de tudo, sorria; porque por um instante estarás solto do tempo que tanto estava a te render, e você nem via]. De qualquer forma, podemos escolher que instrumento tocaremos com a nossa vida. Escrevemos cada linha do nosso refrão; este, se pode repetir quantas vezes acharmos necessário, caso ele venha nos fazer bem aos ouvidos. Se ele for bom ou muito ruim, as pessoas se lembrarão dele. Mas se a música fizer parte de uma banda de verão, poucos as ouvirão. Podemos gritar e cantar a nossa música ao mundo; ou nos calar e deixar o mundo cantar. Mas a vontade de cantar sempre estará presente, adormecida, ou, na insônia de cada dia; mas ela está ali, esperando a vibração das cordas vocais, prá então, o grito incansável ultrapassar as barreiras do som. [...]









            

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Tic, tac, tic, tac, tic, tac... Ouça, ouça! O grande relógio no espaço continua a bater...

Pulsando para tirar a poeira



Acredito que a história tenha se originado no alfa de tudo.
Acredito que mesmo quando não existiam seres pensantes [de nosso conhecimento hoje], a vontade de se entender o ontem, e se saber o amanhã, já estava presente. A sede pela história estava a secar as mais confusas gargantas do espaço.
Por que a história tem de ir além da disciplina. O historiador precisa ‘honrar’ o seu ofício de historiador [ofício ‘pensado’ por Bloch], sentir no mais íntimo de sua alma, tudo aquilo que as cinzas de determinada época deixaram. O historiador precisa deixar o coração bater a mil, movimentar a adrenalina do seu corpo ao se deparar com um avião da Primeira Guerra Mundial, sentir [ou pelo menos tentar sentir] o que o piloto da época sentira ao se ver por entre as nuvens. O historiador tem que voar junto! Mover cada gota de suor de seu rosto por aquilo que mais deve lhe fascinar [como me fascina]: a HISTÓRIA.
O historiador percorre os mais sãos e insanos caminhos. Do passado para o presente e, inversamente,  do presente para o passado, afinal é preciso tocar o relógio do mundo. Porque o maravilhoso acontece quando os ponteiros param, e tudo aquilo: pedras, sorrisos, caminhos, fogo e água, se prendem no tempo. E tudo está preso no tempo. O historiador precisa escancarar os ponteiros, fazê-los girar no anti-horário, tornar a girar no horário, e tornar a fazer isso quantas vezes lhe for necessário para então encontrar o néctar tão doce que se espera. Afinal, nossa colmeia precisa armazenar mel; precisamos adocicar ainda mais a vida. É preciso estar atento a cada roer de unhas. Atento ás pequenas gotas de chuva que caem sobre nosso rosto, mas consciente de que as mesmas gotas podem lhe molhar e constipar.
O que torna a história tão magnífica [aos meus olhos], é o todo que ela abrange. Está presente em todos os campos científicos e artísticos. Move de alguma forma todas as áreas específicas que nos impulsionam enquanto sociedade, para além... Ela nos faz ter sentido [mesmo que este, possa parecer não existir]. Precisamos de uma história; real ou imaginária, mas precisamos. [...]

Na pupíla do coração

E dentro da imensidão escura, no interminável verde das matas, eu vi teus olhos; e mesmo que não quisesse ver, mesmo que eu esperasse a ilusão, a luz estava bem em minha frente; tal como as gotas de orvalho que pairavam sobre teu rosto naquela noite gélida. Noite na qual eu podia sentir o teu coração batendo em minhas mãos; pulsando intensamente, quente como o sol de verão e todo o suor que me escorre quando ando ao teu lado colhendo as flores que planto na minha alma, esperando o dia, no qual na sombra daquela linda árvore no Peru, eu lhe entregue os meus olhos.

Correndo sem pá-rar

O quê acontece com o ser humano, que muda de uma hora para outra, perde e ganha velhos e novos sentidos; sai do lugar continuando no mesmo lugar, ou fica no mesmo lugar, parecendo estar andando; como se tudo e nada se movessem bem a frente do nosso nariz [e realmente se move] e não fazemos nada?! Por quê damos a cara prá bater, e depois nos escondemos? Ficamos com medo, ou vamos além em todos os extremos? Apesar das contradições, o vazio parece insistir em continuar aqui dentro, como uma ferida, como uma pedra no sapato... Como completamos esse vazio [se é que ele pode ser completado]?
É fácil desejar ir adiante, difícil é ter força para caminhar, para aceitar as nossas escolhas; para admitir que erramos, ou que acertamos; para admitir que não sabemos lidar com a situação na qual nos encontramos.
São as nossas escolhas que mantém a roldana da nossa vida funcionando, ou não (não deixe que sejam as escolhas alheias), nossas alegrias e tristezas são escolhas nossas! Somos responsáveis por todos os grãos de feijão no nosso ‘saco’ de vida, esta que esta aqui, adormecida ou em toda à velocidade.
 A insegurança aparece às vezes, e nos faz ter mais medo ainda; ou nos faz ir mais além! Porque o simples fato de dizer que não temos medo, nos faz ter mais medo ainda (? contradição; sempre há contradição quando se trata de sentir). Quando dizemos que não temos medo, estamos alegando que enfrentamos tudo e todos, porque o medo de ficar parado é ainda pior do que o medo de levar um balaço na cabeça.
O que sustenta o amor pode ser o medo da solidão, tanto quanto a solidão pode ser o medo de se ter alguém por perto. Todas as coisas se interligam, como nossos neurônios levando informação ao nosso cérebro, dizendo em lembranças as coisas erradas que fizemos, e que mesmo assim, mesmo havendo consciência, continuamos a mover nossos braços e pernas; como podemos saber o que estamos fazendo? A vida não é escovar os dentes; o escovar os dentes da vida, é tentar limpar todo o ‘azedo’ que ingerimos, de todos aqueles que estão ou não ao nosso lado; e nos dias em que nos encontramos, dificilmente encontramos alguém prá ter ao nosso lado, e, quando encontramos, não nos damos conta, ou temos medo de nos dar conta... 
É como olhar pela janela, ver todas aquelas estrelas brilhando na nossa direção, dizendo que elas estão ali, nos iluminando, e que nós devemos nos fazer por iluminados [...]

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Qual é mesmo o sentido?

Passei a me perguntar, depois de certo tempo observando o ser humano, vendo- cheirando- sentindo na pele- mastigando intensamente a Vida, que ‘passamos’ nossos dias, tentando encontrar um sentido para nossa Vida. Quando crianças, sonhamos, brincamos e imaginamos nossa vida; transformamos cada peça de nosso jogo real, sentimos intensamente o que é cortar o dedo, temos medo do escuro, apertamos fortemente as mãos de nossos pais para atravessar a rua. Vamos para a escola, e, na maioria das vezes, não entendemos o porquê daquilo que estamos aprendendo. A vida não seria mais fácil se pudéssemos estar todo o tempo jogando futebol com nossos vizinhos? Trocando vestidinhos de boneca, correndo no meio da meléca, jogando o próprio corpo entre as gotas de chuva? Quando se é criança, até pegar um resfriado é bom! Mas mesmo quando crianças, com a nossa imaginação, ficamos a sonhar com o que vamos ser quando crescer, e criamos as mais singulares expectativas para nossa vida. Tentamos encontrar nos nossos sonhos qual será a melhor forma de viver. O que eu quero ser quando eu crescer? Grande parte dos adultos, quando crianças, escreveram uma redação na escola, com este tema. Eu fico a me perguntar, qual a porcentagem dessas pessoas que escreveram sobre o que queriam ser, hoje, realmente são aquilo que queriam? O ser humano se molda através dos dias em que passa sobre a Terra. Admiro intensamente o ser humano, me fascina estar aqui, me fascina tudo que posso ou não fazer, tudo que vejo e sonho, tudo que como, que mastigo intensamente com meus dentes de mamífero, todos os odores que passam pelas minhas fossas nasais, tudo que eu sinto intensamente; e eu, eu sinto tudo intensamente! Preciso estar aqui ou ali, e sentir o arrepio na pele, para de certa forma poder ou não tirar uma conclusão [se é que realmente podemos] sobre determinada ‘coisa’. Então, como precisamos de um sentido para nossos atos [perdi as contas das vezes em que desejei deitar e rolar, e por algum motivo não o fiz, (isso contradiz-me, pois digo que sinto tudo intensamente)]; tentarei registrar aqui, o motivo pelo qual me faz estar respirando neste momento.
Não sei ao certo quando começou, se foi na pequena sala de estar quando tinha 3 anos, e minha mãe com pequenos recortes em papelão, com alguns pequenos traços coloridos, [que ela mesma fizera] letras que formavam um alfabeto, que dia-a-dia ela me mostrava, e me fazia imaginar todos aqueles pontos de luz formando palavras; ou quando na escola escrevia no quadro, ou quando fui apresentada a leitura; ou nas tantas redações que escrevia, nas letras que admirava; ou se foi na minha preguiça de ler o que me recomendavam, porque sempre pensava ‘por que não posso escrever o que tenho na minha cabeça? Por que tenho que ler isto ou aquilo para poder escrever?’ [confesso, que mesmo agora, esta pergunta me aflige os pensamentos;], enfim, não pretendo [nem quero] determinar exatamente aonde meu amor pelas palavras começou; o simples fato de existir e me fazer ficar horas em êxtase são mais que suficiente para começar aquilo que estaria adormecido há muitos séculos na minha cabeça. Meus dezoito anos pisando em solo Terreno me tornaram o que hoje sou, o que posso vir a ser amanhã e, o que eu fui ontem, de certa forma, não há como definir. Sei que estou aqui, agora, Vi.ven.do.
E por isso escrevo; porque as palavras são Vida, pulsam, vivem no meu respirar. Deslizam pela minha pele, que sente. E eu sinto tudo intensamente. Prefiro assim, estar ali na hora em que a bala atravessa meus pulmões, tenho de morrer por mim mesma; digo isso, porque acredito que independente do ideal que se siga, não se morre por ele, no fundo se morre pelo desejo que se teve de estar, de ser aquele ideal. E o ideal é Ser, o que se É. É viver. Tal como as palavras. As palavras Vivem.