quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sobre Relacionamentos

     O ser humano insiste em procurar no outro aquilo que ele encontra somente em si mesmo.
    Por que o ser humano precisa de um companheiro/a ao seu lado? As cores realmente mudam de cor quando temos ao nosso lado alguém para partilhar essa cor? Digo com toda a certeza: as cores não mudam! Continuam as mesmas. Quem muda, somos nós: que criamos a expectativa de que tudo ‘á dois’ é diferente, é mais bonito; quando na verdade, tudo é ‘sempre’ tão bonito, mas não enxergamos. Deixamos de viver tudo que há de mais maravilhoso sozinho, na esperança de encontrar alguém para dividir tais momentos. Por que a grande maioria não divide consigo mesmo?
    Observando as muitas pessoas que vejo, não encontro outro motivo para a incansável busca pela ‘sua alma gêmea’ se não o medo. E são tantos esses medos, que é difícil saber por onde começar a tentar entende-los. Acredito que o maior medo seja a solidão. Ter de agüentar-se toda a vida. Algumas pessoas não se agüentam nem quando estão no banho, que dirá agüentara-se-ão todos os dias de sua vida, acordando e vendo no espelho a mesma cara mal humorada. Precisamos de alguém que nos ature. Alguém para nos ouvir. O ser humano tem uma necessidade enorme de estar sempre a se comunicar com um aqui, outro ali. São poucos os que se calam, os que ouvem. Tantos são aqueles que querem falar, serem ouvidos...
Essa necessidade que criamos, em ter alguém para dividir a vida, algumas vezes, nos faz perder aquilo que chamamos de vida. E isso, a sociedade mesmo nos diz. Diz-nos que precisamos encontrar a pessoa certa. E nos dias em que vivemos, e mesmo há séculos atrás, o que nos encanta é a pessoa errada. Por que, a pessoa certa [como qualquer coisa ‘certa’ que possa vir a existir, se não estiver camuflada,]... Podemos realmente dividir pessoas em certas e erradas? A concepção de certo e errado, tratando-se de atos humanos é interminavelmente variável. Muda de pessoa para pessoa. Não podemos julgar os atos humanos por certos e/ou errados. Não sabemos o que se passa na cabeça de determinado indivíduo. Quem mata uma pessoa, por exemplo, talvez naquele momento, na hora em que o indivíduo precisou apertar o gatilho, talvez aquilo fosse o mais certo a se fazer ‘dentro da sua cabeça’. Não estou defendendo o fato de pessoas matarem pessoas, [apesar de isso ser bem normal nos dias de hoje, como as fogueiras se tornaram na inquisição; o homem se adapta facilmente aos fins que ele cria para a sociedade, e, faz com que a mesma se adapte;], mas estou defendendo o direito que cada um tem de pensar, criar, determinar o que cada perna fará no próximo passo e de certa forma ser entendido pela sociedade. E se tratando disso, digo: a sociedade não está pronta para abrigar o homem que ela mesma ‘criou’. Nossos meios nos moldam, e muitas são as vezes em que ele justifica determinados atos.
Contudo, falando de relacionamentos. O ser humano busca outro ser da mesma espécie, para uma infinidade de fins: companheirismo, alguém para construir uma família [que mais tarde pode vir a ser destruída por ele mesmo, quando esta não é construída com alicerces firmes,], alguém para sorrir ao acordar ao seu lado, e chorar também quando você chega tarde do trabalho, alguém para fazer o seu almoço, e prá você fazer esperar para o jantar; são tantas as contradições que regem um relacionamento, que se ele fosse 100% daquilo que criamos, não teria graça. É claro que nem todos os relacionamentos se tornam um ‘inferno’. Existem aqueles que terminam antes de virar o ‘inferno’. Não estou sendo fatalista, nem pessimista. Mas o realismo me atrai muito. Alguns relacionamentos, porém, são tudo de mais lindo que se pode existir, já presenciei alguns, no entanto, não tive a oportunidade de vê-los ao desenrolar dos dias, e hoje não sei se ainda esses seres estão juntos. Mas me alegrava em vê-los, sorridentes a cantar a ver o sol nascer, a dividir o guarda-chuva.
Podemos determinar que para uma relação dar certo, ela tem de passar pelos seguintes passos: 1º se conhece a pessoa [mesmo achando isso impossível, afinal, não teremos como saber como a pessoa reagirá em determinadas situações das quis nós também não imaginamos,]; 2º se namora, se quer a pessoa por perto, se casa, se mora junto, enfim, todas as palavras que o ser humano encontrou para dizer quando esta a ter alguém ao seu lado; 3º se constrói aquilo que chamamos de família, para que assim a sociedade cresça ‘bem’ estruturada. Faz-me rir! Isso [para não dizer que NÃO] dificilmente acontece. [Foram raras às vezes em que isso aconteceu no decorrer de toda a história. Uma vez, os pais decidiam com quem os filhos iriam se casar, outras, a classe social em que cada um se encontrava, decidia com quem poder-ião vir a se casar...]. Nesses dias em que o sol queima mais forte, quem decide quem casa com quem, são os filhos, porque na maioria das vezes eles ‘aparecem’ sem mesmo saberem-se quem é o pai. Assim criamos uma sociedade familiar sem estrutura, que gerará mais tarde a desestruturação do nosso meio. Acredito que a falta de estrutura familiar é responsável por grande parte do analfabetismo, da pobreza, da criminalidade, da prostituição, do tráfico, da violência...
É visto que essa falta de estrutura foi construída com o passar dos anos. E que, apesar de algumas coisas estarem sendo feitas para que se tenha consciência disso, para se mudar isso, essas vertigens não acabarão do dia para a noite. Se há tanto a se fazer, por que então nos iludimos na busca pelo outro, quando não encontramos nós mesmos?

7 comentários:

  1. Anônimo19/11/09

    Excelente texto! Aliás, textos!!!
    Gostei das suas idéias, realmente poucos enxergam as coisas com tanta realidade, além da neblina onde a sociedade está perdida vivendo de ilusões e falsas felicidades. Valeu por ter visitado o meu perfil e com isso eu ter descoberto esse blog. Favoritei :)

    Carrascu

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Você não existiria se um dos teus pais tivesse feito o que você pensa. Então quando você estiver na maior escuridão e olhar para dentro de você mesma ai sim vai sentir medo, pois mesmo aqueles que estiveram perto de ti não estrão mais. Será escuro fora e dentro então. Não haverá convites pra festas, nem pra acampamentos, nem beijo de ninguém, sequer vai ver os pássaros, as borboletas e os smurfs (piada interna).
    O mundo interno leva a uma escuridão incrível, mas com o benefício de realmente (mais cedo ou mais tarde) abrir os olhos e parar de perguntar "porquês" e ver que aculpa e o grande porquê ésta todo em você mesmo é o medo de si próprio e dos que são como você.
    Bjs

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  4. Isso só aconteçe com aqueles que não tem amor próprio; quando nos amamos, nos respeitamos, 'naturalmente' temos pessoas por perto; pessoas das quais gostamos, e que nos gostam. Pessoas, das quais chamamos de amigos, que de nos agrada a companhia, que temos um sentimento recíproco. Não acredito que uma pessoa possa vir a entrar na escuridão, por ter então optado por ficar sozinha. "[...] a solidão é depressão de quem fica, escondido fazendo fita[...]".
    Posso estar errada, mas não vejo problema nisso, em estar errada. Não vou parar de perguntar 'porquês'; eles me movimentam! Tão pouco vou vir á culpar este ou aquele pelas 'coisas do mundo'. Todos temos culpa!
    O medo, como todos os outros sentimentos; deve ser sentido, para que se possa controla-lo.
    Sou eu quem diz se meu dia vai ter nuvens, ou não...

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  5. Anônimo27/11/09

    Acredito que uma pessoa só entra na escuridão quando não tem luz própria, aí então ela sai desesperadamente a procura dessa energia em outras pessoas, criando bases nela e correndo o risco de desabar quando aquela não lhe oferece o suporte que tanto ela precisa. Nada melhor do que ser a própria base, a própria luz, tendo isso em você mesmo não há como ficar na escuridão.

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  6. Liberdade é a capacidade de se viver só.Se não consegue viver sozinho,se não suporta isso então vc é um escravo.

    E como diria o poeta:
    "Enquanto não superarmos
    a ânsia do amor sem limites,
    não podemos crescer
    emocionalmente.

    Enquanto não atravessarmos
    a dor de nossa própria solidão,
    continuaremos
    a nos buscar em outras metades.
    Para viver a dois, antes, é
    necessário ser um."

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  7. curti..
    embora essa vida seja uma só..

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Fração de segundos...