quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Legalize já?!


Alguns políticos e intelectuais da nossa ‘atualidade’ vem defendendo a legalização do consumo pessoal da maconha nas nossas terras. Depois de 1998, quando a ONU ergueu uma bandeira ao “mundo livre das drogas”, o uso da maconha e da cocaína triplicaram na América Latina.
Por que parece que o quanto mais ‘ilegal’ seja fazer determina ‘coisa’, mais se está disposto á fazê-la?
Ainda quando crianças, nossas mães falam para não comermos os brigadeiros antes que seja a hora dos parabéns, mesmo assim, lá estamos nós, escondidinhos com os brigadeiros na boca. Não é de hoje a frase: “o que é proibido é mais gostoso!” Assim somos nós. Ultrapassamos a velocidade permitida, mas não queremos bater no caminhão.
O fato é que ao contrário de tantos anos atrás, quando os defensores do uso da Cannabis sativa, eram hippies, artistas famosos, ou seja, aqueles
 que a sociedade via diferente dos políticos, doutores, que hoje defendem o uso da ‘droga’.
Gastamos milhões no ano, prendendo pessoas, matando pessoas. Tentando combater o tráfico. Estamos cientes que não podemos. Somos corruptos demais para conseguirmos combater alguma coisa. Temos medo. Somos flexíveis frente á umas ‘verdinhas’. O tráfico vai muito mais além do que os morros no Rio de Janeiro, ou nos subúrbios das grandes cidades. O tráfico está presente na classe alta e baixa, no barraco atrás de casa e na mansão que eu vejo pela TV. O tráfico virou uma grande bola de caramelo, cada vez atraindo mais formigas. Então, já que não podemos ‘combatê-lo’, vamos ganhar com ele! [a sociedade lucraria com a legalização? Por que é sempre importante o lucro, nessa sociedade de consumo!]
[...]
Temos como exemplo a Colômbia, onde os EUA investiram US$ 6 bilhões para combater o cultivo de coca na região andina, praticamente sem obter resultado. Quanto mais se investe para combater, mais forte o tráfico fica; mais camuflado e infiltrado ele se torna.[...]
A questão é que mais uma vez, não estamos fazendo a coisa certa. Nossa sociedade não está pronta para aceitar a maconha, como aceita a nova novela das nove. A sociedade tem uma visão ofuscada sobre o que a planta realmente é. Precisamos de tempo, para aos poucos, moldar o nosso meio. Caso contrário, estaremos contribuindo ainda mais para o caos. Caminhando cada vez mais para a individualidade e preconceitos no nosso meio. E disso, eu já estou cheia de ver-conviver!
Não somente diante da maconha, erva antiga onde os registros datam 2723 a.C na China, e que tem mais de 150 milhões de usuários regulares no mundo. Mas em qualquer assunto, precisamos ter conhecimento. Este vem da formação de cada um. Sem conhecimento, não há como se ter uma opinião concreta sobre alguma coisa. Sem isso, construímos pessoas ‘vazias’, porque não sabem realmente o que dizer, o que pensar, então se deixam levar pela sociedade. Afinal, se você não pensa alguém pensa por você.
Drogas lícitas como álcool e tabaco matam mais do que a maconha, mas estão aí, em cada esquina, e na maioria das vezes, sem restrição de venda, até mesmo para menores. Legalizando a maconha, não acredito que poderíamos controlar os usuários. É utópico pensar assim. Não há padre, professor e até mesmo a família, que façam a pessoa não experimentar a droga, ela lícita ou não. A decisão é de cada um. E na maioria das vezes, é como escovar os dentes, ou não. Legalizando, estaríamos contribuindo para que haja mais conscientização perante a droga.
Precisamos abrir os olhos, obter conhecimento perante o que nos envolve com a sociedade. Precisamos formar uma sociedade mais ‘ousada’ aos olhos do conhecimento. Mais crítica perante os fatos. Mais aberta para o novo. Precisamos de uma sociedade que desligue a televisão e veja o que está acontecendo ao seu redor. A maconha e todas as outras drogas estão em baixo do nosso nariz, mas preferimos ver o último capítulo da novela das nove, do que discutir a melhor forma de conviver com a maconha em nosso meio.
Estamos na América Latina, somos os maiores produtores de drogas do mundo. Abrir os olhos para as drogas e ver qual é a melhor maneira de lidar com ela na nossa sociedade, só estaria ajudando a reduzir os danos não só as pessoas, mas a toda a sociedade em si.
Legalizando a maconha, estaríamos diminuindo a violência e morte causadas pelo tráfico; o governo não gastaria mais dinheiro público com os presos apenas por serem usuários, e a verba poderia ser usada na educação; haveria controle de qualidade na produção. Enfim, alguns fatores concretos que tornam positiva a legalização da maconha.
Apesar desses fatores tidos como positivos para a legalização da droga, temos o outro lado, quem não é a favor da legalização. Desse lado temos o deputado estadual de São Paulo, Edson Ferrarini, que sustenta uma clínica de recuperação para dependentes de drogas. Afinal, independente de a droga ser legal ou não, temos muitas pessoas no nosso meio que sofrem por serem dependentes. A maioria da população não tem consciência desse sofrimento. Acabamos por taxar usuários de drogas como ‘noiados’, ‘loucos’, ‘pessoas do mal’; ignoramos todo o contexto que engloba o fato dessa pessoa ter se tornado o que é; ignoramos o fato da droga ter feito tão mal ao organismo, que acabamos fazendo coisas injustificáveis, para simplesmente saciar o nosso corpo que pede a sensação de determinada droga. Ignoramos tudo o que cerca as drogas e principalmente, ignoramos o fato de que as pessoas que usam drogas têm sentimentos como qualquer outra que freqüenta a igreja todos os dias.
Querendo ou não, legalizando a maconha o número de usuários poderia vir a crescer, já que a droga estaria mais acessível. Na busca de sustentar o vício a criminalidade também aumentaria. Sendo legal, surgiriam as propagandas, que incentivariam ao uso, causando futuramente um vício.
Acredito que isso tudo que acabo de escrever nesse último parágrafo, já vem acontecendo indiretamente, mesmo com a maconha não sendo legalizada. A oferta e a procura estão em todos os lados. Não vê quem não quer. Acredito então, que o grande problema não seja a maconha, mas sim drogas mais ‘pesadas’. Mesmo tendo todo um estudo cientifico ao redor da maconha, confirmando que ela realmente não abre a porta para outras drogas, mais de 70% de pessoas hoje viciadas em cocaína e crak começaram usando maconha. Isso mais uma vez mostra que a sociedade em geral não está preparada para o uso da maconha. A sociedade não vê qual é realmente o sentido do uso da maconha, e, acredito que 60% das pessoas que usam maconha, não sabiam realmente o sentido. [e qual é esse sentido?...]
Nossa sociedade vem construindo formas de controlar as pessoas que dela fazem parte. Se você tem problema com o pâncreas, vai por um dos lados da fila; se você apresenta distúrbios mentais vai para determinado lugar tratar isso; se você rouba, ou mata, ou infringe as leis, vai para de trás das grades. Nossa sociedade tem por ‘necessidade’ controlar os atos das pessoas, para assim manter a ‘ordem’. [ordem? Aonde?] Para manter então, esta determinada ordem, todas as drogas que afetam de alguma forma a mente humana, deveriam ser controladas. Assim, fatalidades como atropelamentos, suicídios, estupros, roubos, seriam reduzidos. Mas não temos controle nem de quantas pessoas poderiam estar na escola e não estão. Como é que poderemos controlar quem vai ou não vai ascender um do ‘bom’ hoje á noite? A maconha não pode ser vendida, mas encontro em qualquer loja de conveniência seda. E tenho muitas opções: marca, embalagem. Temos uma sociedade politicamente correta com toda a certeza! Há como isso me faz rir! E é isso que o brasileiro mais sabe fazer: rir prá não chorar!
[...]
Precisamos analisar qual é o impacto da maconha na nossa sociedade. Precisamos discutir o uso da maconha. Precisamos formar uma opinião conjunta e concreta para defender ou não a legalização. E independente dela ser legalizada ou não, a sociedade precisa sim, ter consciência do que a droga é, o que ela provoca. A sociedade precisa aceitar de uma vez, que as drogas já fazem parte da sociedade, e que simplesmente ignorar esse fato é estar contribuindo para que cada vez mais adolescentes entrem no mundo da prostituição, tenham filhos que vão crescer sem estrutura familiar e futuramente, prefiram estar na rua cuidando quando a polícia chegue para que o traficante fuja, do que nas escolas, lendo e escrevendo.
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A cabeça ativa, sempre está ativa.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Soar da chuva


“Este daqui tem na galáxia, tem milhares destes! Tem até marcianos!”
Esta foi a frase do meu priminho vendo algumas imagens no meu computador.



Ouvindo o constante barulho da chuva, mais uma vez apareceu a vontade de correr no meio da grama e alimentar mais uma vez a criança que eu sou.
Sorrir e deixar que as gotas da chuva caíssem sobre os meus cabelos. Que as gotas deslizassem entre meus braços e parassem nos meus dedos, para que eu pudesse desenhar.
Sorrir e desenhar.
Fechar os olhos no meio da chuva e voar!
Depois de algum tempo lá, estirada na grama, pude ouvir os gritos eloqüentes de minha mãe. Que me chamava de louca, enquanto me fazia sinais com as mãos para sair da chuva. Eu continuava a sorrir. Depois de algum tempo, minha mãe vendo que não haveria gritos ou sinais que me fizessem sair de onde eu estava, desistira e entrara para casa, dizendo que não se importaria se eu, então pegasse um resfriado por conta da chuva. Mas eu sei como mães são. Ela não só se importaria se eu pegasse um resfriado, como faria chá e cuidaria de mim até que ficasse boa, para continuar a causar suas ‘dores de cabeça’. Também, eu sabia que não pegaria um resfriado. Então continuei ali, com os olhos fechados, na chuva, desenhando as nuvens por entre meus neurônios.
Em determinado segundo já não estava nem na grama, nem na chuva. Mas entre as margaridas amarelas, correndo. Sorrindo. Eu gosto de sorrir, faz bem para alma, para o Universo. O mundo não precisa de mais gente com cara fechada e se lamentando. Já existem pessoas demais, dispostas a não ver o brilho do sol. Então eu sorrio.
E ali estava eu, correndo por entre as margaridas amarelas, naquele lugar de sempre. No meu refúgio, que não é só meu, porque vivo a encontrar outros por entre as margaridas amarelas. Mas nesse dia, diferente de tantos outros, não permaneci por muito tempo correndo e logo estava na grama, olhando mais uma vez para a chuva que tinha acalmado. Permaneci ali parada, nem mesmo os olhos se mexiam, as gotas caiam diretamente dentro deles e causavam uma espécie de ‘dor’ que com alguns segundos me adaptei. Logo movimentei os dedos do pé e os da mão tocavam a grama, sem me dar conta, sentei-me. Uma fina garoa me dava o sinal de que estava na hora de entrar para casa. Despedi-me das nuvens que giravam sobre minha cabeça e atravessei a porta.
A água quente do chuveiro deixou o banheiro com a névoa das colinas no inverno, mas o contrário. E lá estava eu, mais uma vez: sem cor, sem pele, na água, correndo por entre as margaridas.

[...]

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A borboleta na janela


E então o novo aparece. E faz ver por entre as flores e folhas que cercavam o jardim.
Naquele instante, podia sentir o vento na pele, tocando cada poro. Estava tocando o Universo com a ponta dos dedos. Ouvindo até mesmo, o som do bater de assas da borboleta. Que por hora, aparecia na janela. Cada vez que via a borboleta, sabia que algo estava para mudar. A borboleta agia como uma coruja anunciado a morte de alguém no portão. Mas ao contrário desta, que trazia consigo o bilhete de lágrimas no rosto, a borboleta, trazia a dúvida: não tinha como saber se aconteceriam coisas boas ou ruins, só se sabia que aconteceriam. Isso fazia com que o sono demorasse mais para chegar, e fazia com que cultivasse com mais intensidade o sorriso que carregava no rosto.
A dúvida sempre esteve presente. E a vida sempre estava ali, pulsando, querendo ser vivida. E, no entanto, não era. Precisava que uma pequena borboleta aparece na janela, para que então, nesse espaço, a vida acontecer. Para que então prestasse atenção em cada gota d’ água que bebia ao amanhecer, ou no suor que escorria pelo rosto ás três da tarde. Ficava eu [e ainda fico], imaginando o quão poderoso é o bater de assas da borboleta, capaz de fazer as coisas se moverem diante dos meus olhos, capaz de fazer qualquer um que olhasse diretamente nos seus pequeninos olhos, mudar a vida de direção, ou andar na contramão, ou até mesmo, permanecer calado no mesmo lugar, mas prestando atenção nas ondas ao seu redor. Como pode tão precioso ser passar despercebido por entre tantas flores e fumaças que nos cercam? [...]
Contudo, estava ali a borboleta, mais uma vez, olhando fixamente para mim. Controlando as batidas do meu coração que soavam como um bumbo aos meus ouvidos aguçados, percebendo cada movimento ao meu redor, cada movimento longe dos meus olhos. Ela olhava para mim, e eu continuava a olhar para ela. Como se o tempo parasse, e ela tentasse mais uma vez me dizer o que tenho de fazer, o que tenho de corrigir, o que tenho de criar, quantas estrelas desenhar? Nesse momento, tantas eram as perguntas que me vinham à cabeça, que se tornava difícil, saber direcionar um singelo pensamento que fosse. 

Deu-se o tempo, ela voou. Deixou no rastro do vento o sinal de que voltaria em 6 ou 7 dias, mas que queria ver a diferença na minha face. Ela se foi, e eu fiquei com o peso da mudança nas minhas costas. E com a imagem que raramente passava entre meu cérebro, da minha expressão envergonhada, olhando a borboleta que chorava pensando que eu o faria. E o farei. Afinal, não quero ver a borboleta chorando, ela volta em alguns dias. E nesse tempo, estarei flutuando, mudando e desenhando a ordem, de tudo aquilo que é “invisível”  e que nos cerca.
[...]

Deslizar nos fios.

O vento fazia as folhas das bromélias balançarem, como uma sinfonia.
Sinfonia que em princípio só eu podia ouvir. Sinfonia que nem todos acreditavam. Talvez seja por isso que tenha falado tão pouco á seu respeito.
Tudo está diante do nosso nariz e não vemos. Estamos preocupados demais, tentando passar no vestibular, para mais tarde, trabalhar em outra coisa que não tem nada haver com aquilo que passamos anos estudando e que realmente gostamos [ou não, visto que isso pode acontecer contrariamente do que estou a dizer]; mas, precisamos sobreviver, então aceitamos qualquer emprego que nos ofereçam. Isso acontecia [acontece, acontecerá...] porque grande parte da nossa sociedade não está preparada para aquilo que se é, para o que realmente se é. Não querem saber se você sente o que você escreve, e não se importam se você realmente ama mais aquilo do que você mesmo, porque você se vê naquilo. Ninguém se importa se você não come, ou não dorme, para fazer aquilo que você gosta. A não ser que o que você goste renda muito dinheiro, e alguém queira apostar umas cartas em você, se você se dá bem, ok, esse outro alguém se dá bem também, ou se dá ainda melhor! Se você se torna estatística, tudo bem também, esse outro alguém tem mais o que fazer da vida, do que se importar com os sonhos desmoronados de alguém. Assim construímos o nosso ‘perfeito’ sistema, que eu, não sou mais contra como fui certo dia. Afinal, ele me tornou muito mais forte do que qualquer outra forma de ‘dinastia’ me tornaria.
Mas, ao contrário daqueles que estão em seus carros administrando grandes indústrias e bebendo um bom uísque no fim da noite, fechando os olhos ao dormir, fingindo que tudo está bem, Eu estou aqui, com a minha pinga barata, sentindo na pele que tudo não está bem. Porque eu não quero estudar arduamente o tempo que for, e acabar numa loja de conveniência. Então, você pode dizer: “- e quem disse que você vai parar numa loja de conveniência?” Realmente, eu não vou parar numa loja de conveniência. E é isso que me faz querer fazer uma fogueira com todas as sinfonias já escritas, e deixar aparecer aquelas que ninguém viu. Porque eu, eu não consigo fechar os meus olhos quando eu vejo alguém sem competência, fazendo alguma ‘coisa’ que outra pessoa totalmente capaz poderia estar fazendo, mas que não teve a oportunidade de fazer. Nem sempre, as portas se abrem, e não adianta me dizer que se você for bom, as portas se abrirão sim, que eu tornarei a dizer e dizer e dizer que nem sempre as portas se abrem. E é assim. Vem acontecendo há tanto tempo, que hoje nem vemos mais nada. Deixamos tantas coisas se perderem no caminho, que tanto faz se você realmente alimenta o teu sangue fazendo aquilo que faz. Os sentimentos já não valem nada na maioria das vezes. [...]
Todo esse ‘mau-humor’, fez com que a chuva começasse a cair [e eu não me importo se as crases estão erradas ou não, porque você está corrigindo-as para mim].

[...]