terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Soar da chuva


“Este daqui tem na galáxia, tem milhares destes! Tem até marcianos!”
Esta foi a frase do meu priminho vendo algumas imagens no meu computador.



Ouvindo o constante barulho da chuva, mais uma vez apareceu a vontade de correr no meio da grama e alimentar mais uma vez a criança que eu sou.
Sorrir e deixar que as gotas da chuva caíssem sobre os meus cabelos. Que as gotas deslizassem entre meus braços e parassem nos meus dedos, para que eu pudesse desenhar.
Sorrir e desenhar.
Fechar os olhos no meio da chuva e voar!
Depois de algum tempo lá, estirada na grama, pude ouvir os gritos eloqüentes de minha mãe. Que me chamava de louca, enquanto me fazia sinais com as mãos para sair da chuva. Eu continuava a sorrir. Depois de algum tempo, minha mãe vendo que não haveria gritos ou sinais que me fizessem sair de onde eu estava, desistira e entrara para casa, dizendo que não se importaria se eu, então pegasse um resfriado por conta da chuva. Mas eu sei como mães são. Ela não só se importaria se eu pegasse um resfriado, como faria chá e cuidaria de mim até que ficasse boa, para continuar a causar suas ‘dores de cabeça’. Também, eu sabia que não pegaria um resfriado. Então continuei ali, com os olhos fechados, na chuva, desenhando as nuvens por entre meus neurônios.
Em determinado segundo já não estava nem na grama, nem na chuva. Mas entre as margaridas amarelas, correndo. Sorrindo. Eu gosto de sorrir, faz bem para alma, para o Universo. O mundo não precisa de mais gente com cara fechada e se lamentando. Já existem pessoas demais, dispostas a não ver o brilho do sol. Então eu sorrio.
E ali estava eu, correndo por entre as margaridas amarelas, naquele lugar de sempre. No meu refúgio, que não é só meu, porque vivo a encontrar outros por entre as margaridas amarelas. Mas nesse dia, diferente de tantos outros, não permaneci por muito tempo correndo e logo estava na grama, olhando mais uma vez para a chuva que tinha acalmado. Permaneci ali parada, nem mesmo os olhos se mexiam, as gotas caiam diretamente dentro deles e causavam uma espécie de ‘dor’ que com alguns segundos me adaptei. Logo movimentei os dedos do pé e os da mão tocavam a grama, sem me dar conta, sentei-me. Uma fina garoa me dava o sinal de que estava na hora de entrar para casa. Despedi-me das nuvens que giravam sobre minha cabeça e atravessei a porta.
A água quente do chuveiro deixou o banheiro com a névoa das colinas no inverno, mas o contrário. E lá estava eu, mais uma vez: sem cor, sem pele, na água, correndo por entre as margaridas.

[...]

2 comentários:

  1. Eu tenho um sonho, um sonho em que vejo tudo isso, mas eu também sinto o cheiro, e é bom, é o perfume da vida em um imenso campo de margaridas, em meio a elas existem girassóis, e os sol brilha por enre nuvens de assombosa branquidão; eu abro os braços e sinto toda aquela energia me preenchendo, vindo para dentro de mim, e saindo e assim por diante, o respirar do mundo no instante de um sonho.
    Adoro vc Lua!
    Bjs do lulu!

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Fração de segundos...