sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

pontu-Ação

O copo estava sobre a mesa ainda úmido. Lábios, vinho e saliva; cuspe na verdade, ao fundo do copo. Escarro sem vertigem. Preguiça. Bitucas de cigarros, sujas. Batom barato escorrendo pela boca em  lágrimas. Tudo igual, e, sempre se repete. Fita cassete soando enrolada no rádio. Som contínuo, extasiante. Preguiça. Pés descalços, amarelos. Unha encravada em esmalte marfim, sujo. Borbulhas. Calcanhares. Caminhos longínquos que perseguem. Pausa. Eternidade e um copo com esse escarro de vida. Grito em silêncios e lágrimas. Contradição eterna que se repete. Fita cassete enrolada, ele enrolado em si mesmo. Perdição. Pausa. Mãos encontram-se em um rosto que se reconhece sem espelho. Ação. Gargalhadas. Dentes linearmente solitários. Ação contínua, táctil. Fita cassete enrolada, som espumando borbulhas entre os dedos. Espelhos. O movimento contí-nú-o. Pausa. Outro copo ainda sujo ao chão. Vinho. Vidro em pedaços. Ação. Pés entrelaçados olham sangrando para o chão. Carne crua, corpo que pulsa. Movimento contínuo. Fita enrolada'inda bate-o coração.

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