segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Rodas quentes entre vulcões

De dentro do carro o movimento era mais complexo, tal qual implica a velocidade. Tudo fora dos vidros se transformava e, a cada piscar de olhos uma nova visão se desenhava na pupila, corria pelos neurônios e meu cérebro se ricocheteava entre parietal, temporal e occipital. Frontalmente ele não existia.
Assim, da mesma forma que olhos insistiam para manterem-se arregalados e, apreciar todo aquele novo movimento que se fazia além do asfalto, as pálpebras brigavam para se retorcer, para que uma pitada de pimenta caísse naquele movimento.
É incrível como a percepção de espaço se molda além das rodas. Como ver uma grande bola de fogo voadora, bem acima, entre o nada e uma partícula de hidrogênio a cada m³. Olhar para os pés e ver as árvores que nascem entre a sujeira que ela supostamente esconde. Andar e distribuir arbustos pelo asfalto e nas nuvens também. Lançar-se na direção oposta do vento, deixar os olhos fora de órbita e verificar a veracidade daquele planeta azul.

Um comentário:

  1. Incrível como um simples passeio de carro se torna uma viagem interplanetária através da sua visão do mundo. Adoro teus textos!!! :D

    ResponderExcluir

Fração de segundos...