sábado, 24 de julho de 2010


E os ratos correm no forro da casa, procurando por amor. Tem seus filhotes entre caixas e sacos de arroz, como se a vida fosse o agora, como realmente é. Distinguem o veneno, e se entopem longe do sol. Se escondem nas prateleiras, sabendo a hora de gritar ou não.
Convivem com as baratas, da mesma forma que convivem com as telhas e azulejos entre paredes e chão. Não sabem a diferença de um dólar ou um real, mas sabem exatamente quando devem comer o queijo da ratoeira. Mesmo assim, às vezes, um ou outro acaba com a cabeça decapitada.
O que eles querem ouvir? Um blues barato, ou aquele que se intitula como ‘faça você mesmo’; como se as ações humanas não fossem feitas elas por elas mesmas. Querem ouvir qualquer coisa que não seja o miado de um gato, procurando pela presa, para então se divertir. Da mesma forma que aquele homem no grande centro procurava uma prostituta para prender os pulsos na cama de um motel qualquer. Ouvir o que lhe convém; na hipocrisia camuflada no barulho dos carros no transito louco, na correria do dia-a-dia.  Pressa. Todos têm pressa. Assim, acabam não ouvindo os ratos correndo nos forros, gritando loucamente apaixonados... Como eu, como você.

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