quinta-feira, 20 de outubro de 2016

As mãos entrelaçam

Em seguida caminhávamos ao lado de um rio. Havia certa serenidade em nossos olhares que sorriam, mas sem a completude que se espera da liberdade. Ainda assim, nossos passos eram libres. Livres porque naquele dia não existia relógio em nosso pulso aprisionando o tempo que respira em nosso corpo. Livres porque distantes não apenas do asfalto, mas das roupas do armário, do gás do fogão. Então eu perguntava-me se a liberdade consistia em simplesmente estar longe de tudo que preenche a realidade cotidiana; porque se assim fosse, estaria sentindo-me livre depois de dez dias diante as margens daquele rio? E ao passar daqueles dez dias, teria de seguir a correnteza que des'água onde eu não sei? Por isso apesar de as paredes de cimento estarem tão distantes quanto o sofá à espera que a TV volte a ligar, o estreito corredor que define os passos permanece a apertar o caminhar; e eu insisto. Continuo sorrindo com os olhos já não tão serenos, porém, ao meu lado a pureza de tocar um coração batendo em Vida; um sorriso que amadurece em cada passo e portanto, os olhos voltam a serenar. As mãos entrelaçam. 

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