domingo, 11 de dezembro de 2016

Em presença

Como se não pudesse mais dizer ou querer seguir,
mas vai e diz.
Encontra o silêncio, nada mais.
Como se os olhos mendigassem luz.
Como se somente o vento movesse as folhas.
Tuas mãos intactas repousam.

Vejo teus pés e sorrio.
Teus passos - meus,
não param: me seguem.

Os olhos baixos proclamam luz.
In-dependência da órbita ocular (minha).

Então o frio congela os ossos
e derreto-lhe.
Lenha queimando no fogão.

Tomo-te feito sopa,
só prá sentir o gosto teu - quente - ferve (fervendo).

Espero teu repouso e te mastigo;
corto em pedaços, 
como se retirasse espinhos.

Mãos e pés juntos mostram-lhe o que és.
- gesto e passos - não os deixe parados.

Tuas orelhas ouvem o soar das notas
que os teus olhos diziam
e não vias, ouvias.

E ouço ainda mais forte - 
correndo, pulsando entre meu corpo.
É você,
querendo e dizendo juntar os pedaços.

O vento leva todo o respirar
sem movimentos,
repousa a me olhar.

E se eu quiser correr sem nada te dizer,
vai me devorar quando eu voltar?

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