quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Equação. Questão.

Os dias passam como o bater de assas da borboleta que fica por horas parada na parede, como se nada mais importasse. E algo importa?
A importância que atribuímos aos elementos que movimentam a nossa vida, realmente tem devida importância? Quantas horas tem o seu relógio? Quantos dias o teu fígado faz hora extra e o teu cérebro fica à girar? Qual é o teu tempo? Tu sabes o tempo das flores? Quantas primaveras tuas narinas sofreram com o pólen que voava no ar? Quantas margaridas tuas mãos deixaram de colher, de plantar?
Qual é o sentido do teu respirar, do teu andar? Por quê escolhestes a esquerda e não a direita? Fósforo no lugar do isqueiro? Quantas pessoas poderias ter ajudado, e, ao invés disso condenou? Teu corpo precisa de todo o alimento que consome? Tu entendes o teu corpo? Sabe como os órgãos interagem entre si? Sabe como teus olhos olham para ti? Tem uma visão ampla e profunda do que passa diante da tua retina? Entende o olhar da Lua sobre a Terra? E o olhar da Terra sobre a Lua? Por acaso sabe mesmo o que são: Terra e  Lua? Onde você estava ontem a noite que não viu as estrelas? E se viu, imaginou a explosão?
Quantas vezes tua pele ainda consegue se arrepiar com o toque de alguém? E com teu próprio toque? Quantos números de telefone perdeu ou anotou? Quantos dias do calendário na parede funcionam? Quantos você contou, quantos deixou de contar? Nos teus passos, há espaço para observar? Quanto vale a memória do seu computador? Quanta memória você ainda tem? Esgotou? Quantos foram os teus velórios-vivos que você presenciou? Quantos provocou? Quanta vida espalha quando corre pro trabalho? Quanto trabalho tem a tua vida? Quantas respostas levaram um F? Existiram as que mereciam um V?
Quantos corações você esmagou sem perceber? Quanto o teu coração permitiu-se esmagar? Quantas línguas aprendeu a falar? Você entende as árvores lá fora? E as dentro de ti? Quantos cadernos você rabiscou? Quantos rabiscos o vento levou? Sabes o gosto da tua cama, da tua boca? Quantos foram os dentes que você arrancou? Quanta loucuras você pregou? Quanta sanidade você não notou? E as milhões de pupilas que você dilatou? Quantas foram as pessoas que você matou? Quanto arroz você cozinhou? Quanto conhecimento você vomitou? Quanta informação você engoliu?
Do que o teu cachorro gosta? Tua tartaruga não é um cachorro? E aquele peixe querendo comida? Você não respira em baixo d’água? Nem voa nesse vasto céu? O que é esta agulha no lado da cara? Tem pão na tua mesa? Sabe o valor do trigo? E do dólar? Estava na praia há séculos atrás? Onde tu moras quando não tem carnaval? Lê o jornal enquanto descansa? Queres entrar nesta dança? Chá chá chá ou iê iê iê? Quantas vogais tem o alfabeto? E pontos além dos i’s?
Você faz o que você quer? Você sabe o que você quer? Você tem o que você quis? Você é o que pensa ser? Você está aqui ou ali? Você come doce de amendoim? Você se importa com o que você diz? Você diz com o quê você se importa? Você por acaso se importa? Você sabe o que está acontecendo lá fora? Você busca uma vida melhor? O que é uma vida melhor?
Onde estão todos os teus pontos? Você sabe em quem confiar? Você almeja o altar? Cai na entrada do bar? Levita pensando estar a caminhar? Quantas pedras tem na tua rua? Em quantos banheiros você urinou? Você sabe quantos quilômetros teu pulso girou? Quantos foram os elementos que você classificou? Quantos foram os que você desvendou?
Onde está o teu sangue agora?
Quanta importância você congelou? Derreteu? Evaporou?

Um comentário:

Fração de segundos...