segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Início da outra rua - mesma.

Fim de tarde gelado, mas o corpo é quente. Talvez isso ocorra devido à quantidade de casacos que tornavam a pele mais macia. Ou, pela alma, que, assemelhava-se às fogueiras da Inquisição. Alma que queimava alegremente, trazendo para o fim da tarde a balbúrdia entre calor x frio. Queimadura de delírios exposta nas folhas secas do jardim. Folhas delirantes! Dançando de mãos dadas com o vento, traçavam nos olhos uma pitoresca imagem, qual foi congelada. O riso escorria pela pele, podia senti r mesmo com tantos casacos tapando o corpo, impedindo-o de também dar as mãos ao vento, e, num gesto demasiadamente promíscuo ser levado pelo vento.
Assim permaneceu. Com folhas nos olhos, com mãos escondidas. Parada, em chamas. Os olhos cravaram-se e mudaram a órbita da visão. Direções sobrepostas agiam como lenha, mantinham o fogo alto: desenhando formas. Assim sorria: uma excentricidade hermética, lutando intensamente para permanecer no chão, como as folhas na praia em meio a uma borrasca. 
Do mesmo modo que lutava para permanecer no chão, relutava para ser levada o mais longe possível. Forjando a viagem inocular dos neurônios, atribuindo a culpa pela partida, ao vento. E assim fez...
Relógio algum fez refém aquele instante. A tarde gelada sentiu falta do calor, e, por ora, entristeceu-se. As folhas que jamais deixaram de dançar, trataram de alegrá-la. E ela, mesmo gelada, sentindo a falta do calor do corpo que já não estava mais ali, tratou de aquecer outros corpos que enganados ou não diante da vida, estavam ali, olhando o fim da tarde. [...]

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