quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

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Olhou para trás mais uma vez e o viu longe, parado. Como se estivesse olhando em sua direção. Na realidade, conseguia ver claramente os seus olhos, apesar dos trinta e tantos passos de distância:
trazia a mesma esperança que se transformava em riso de criança – puro.
O admirava. Por isso, jamais teve coragem de dizer qualquer frase em sua direção. As palavras atravessavam-lhe a garganta, faziam pulsar rápido o coração e as mãos tremiam. Então acendia incessantemente os cigarros e mantinha os pés descalços, longe. Nada seria em vão.
Sabia.
Jamais tocaria o seu coração. Não queria.
Manteve os olhos distantes uma última vez, voltou o corpo em frente e construiu uma nova direção. Nada fora em vão,

os passos seguem leves, sem tocar o chão. 

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