domingo, 27 de maio de 2012

Amanhece no entardecer e floresce


Para onde vão as flores e
as pétalas imóveis que deslizam cravando no peito?
Remorso estranho e desejo
Ausência e lúcida nudez
Espaço , bocejo e a noite do galo gaulês
Plástico de colchão e papéis
Saturno procurando os anéis
De baixo da cama se esconde
O espelho sem teu sobrenome
A loucura querendo vez
E o desejo espremendo a maciez
Os lábios vermelhos de sangue
Cravo amargo na gengiva
Aparece a fumaça nas páginas
Amarelas, insípidas e vômito
Estômago revirando ediondo
O gosto agridoce da memória
Que repousa nos passos roendo as unhas
Com cores das flores mortas
Que com pétalas murchas se escondem
Entre o gramado verde e a estante
Dos troféus de prestígio constante
Que escorre pela pia junto com a espuma
Da raiva que repousa entre os dentes
Dilatados nas cores da árvore
Que lá fora sozinha chora
As flores plantadas no alto
Do altar sem terra e do ar
O brilho vil amarelo e outono
Com flores na cabeça e pétalas
Jogadas amaciando o chão
E o colchão de papel e plástico
Repousa a menina com flores mortas nas mãos.
Para onde vão as pétalas murchas,
cansadas, mastigando os olhos da grama molhada
Que aquece sem querer a pele que toca,
O inseto, certo, do errado vulcão. Coração.

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