Deixou o corpo deslizar pelos lençóis mais uma vez enquanto o rádio lançava flechas secas - sem alvo, a parede então reuniu um sapateado.
Sem milk shake e longe do James Dean, ela rolava pela cama coberta de desejos roubados.
Os pés tocam-se, as mãos empurram o travesseiro e um bocejo sem gosto parece aliviar o desespero misturado a angústia de perder, o que havia sido:
um zumbido de abelha procurando mel entre os ouvidos e o som desaparece - permanece a lembrança.
A procura por anseios distorce o reflexo no espelho - brota distante um sorriso: melancolia com disfarce faz da alegria um combate:
preserva eternamente a cicatriz.
Então, o corpo quente com sangue em rios descontentes, esconde o agridoce e sagaz relâmpago que dita as notas à tocar.
Entre os livros, garrafas e um cinzeiro, o violoncelo ocupa um espaço sereno: música para dramatizar.
Enfatiza os passos pela cama.
Nos lençóis há um cheiro de lama, que ela insiste em preservar.
As cordas corroem a carne dos dedos, mas a música não pode parar: são os passos da menina que sozinha, inspira e respira seu próprio ar.
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Fração de segundos...