terça-feira, 8 de junho de 2010

Debaixo das uhas

Quem sabe até seja como pintar quadros abstratos. Jogar baldes de tinta colorida no próprio corpo para colorir a vida. Para demonstrar a explosão que há dentro de si a cada segundo, vendo o jornal ou olhando para os pássaros que voam livremente nos olhos do céu. Mostrar a explosão de viver, mesmo que seja retraída, despercebida.
Misturar a tinta e não se importar com as formas, se elas se encaixarão. Deixá-las na forma do corpo andando contra o vento, numa tempestade de verão. Transparecer o frio de andar na chuva no inverno.
A cor sobre o corpo trará o cheiro, o gosto... O saborear do toque das mãos alheias sobre pernas e braços. Criará a própria essência, na mescla dos sentidos, formando assim, um outro sentido. Um sentido único, que se encontra entre os átomos que formam os membros. Um sentido real, transparecendo todo o real e imaginário que atravessa os pés, que faz ver e, até determina a distância entre a mesa e o fogão sujo da sopa que escorreu da panela ganhada no casamento em 42, quando o amor entre um general da SS e uma judia na Polônia era praticamente impossível. A distância não existe. Determina quantos passos a mesa está do fogão. Porém, tal espaço cabe muito mais do que o Egito ou o Afeganistão.
A ilusão que os olhos cria.
Tudo está na palma da mão, o sopro, o sugar, a falta do respirar...

2 comentários:

  1. Distância, essência, adicionou-me mais uma analogia à essas divgações.
    leia minha resenha sobre a magnum opus de Milan Kundera, ou melhor, leia a tal obra - vasta em conteúdo e significância.

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Fração de segundos...