
Comer prá depois vomitar?
As idéias são lançadas á nossa boca, para que vomitemos por elas. Engolimos o vomito de outra pessoa, para que possuamos alguma coisa para vomitar. Entretanto, precisamos primeiro vomitar o líquido, por hora pouco denso, que possuímos. Mesmo que este seja incolor, mas que tem gosto de nós mesmos. Que mostra o interior ilustrado.
Embora a ânsia do vazio seja grande, a fome para se manter em pé é maior. Assim, passamos a comer outros vômitos que encontramos pelo chão, pelos lugares que tocamos e os que vão além do que nossas mãos conseguem alcançar, para juntar à pequena ‘liga’ que se fixa no pequeno espaço que faz toda a digestão de palavras. Pequeno-grande espaço. Que se adapta com abstração e praticidade. Segue e retrai ao mesmo tempo cada amorfo que passa entre faringe e esôfago caindo no estômago.
O efeito que a ingestão de outros vômitos causa é tão grande, que a ânsia para libertar a mistura que acontece entre carne, ossos, céu, imagens, sons, enfim, todo tipo de vomito que se come no caminhar, é tão intensa, que quando toda a mistura sobe pela garganta, não sai apenas pela boca... Escorre pelo nariz, sai como lágrimas pelos olhos... A transformação acontece. Rapidamente capturamos o que manterá nossas pernas em movimento, para que continuemos a comer outros vômitos e, deixamos no chão ou flutuando, a mescla da causa e conseqüência que escorreu entre nossos lábios. Esta, aguarda com total entusiasmo o momento para novamente entrar pela boca de alguém, e continuar a transformação, ou, ser confundida com lixo da rua e ser pisoteada por lustrosos sapatos de couro.
além de me roubar um tempo, dá-se vontade de ler mais, mesmo falando de vomitos mais vomitos - tanto sugestivos como subjetivos.
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