quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Diluir


Perdoa meus pensamentos, ao redor do teu nome e da tua pele jamais tocada.
Perdoa meus delírios, e o suor escorrendo pelas noites onde os olhos se fechavam na estrada.
Perdoa contemplar-te, mesmo não lhe conhecendo...
Perdoa meu riso, quando te olho em retratos. E toda a loucura que tua cor me transparece.
Perdoa querer-te de longe, sem coragem para chegar perto. 
Perdoa as palavras curtas e objetivas, que meus dedos daqui te jogam. Pois minha boca trava e as palavras com certo medo se calam diante dos teus olhos, ainda não vistos.
Perdoa minha solidão na tua espera, que embora o peito queira, podes não chegar.
Perdoa encantar-me com tuas mãos, e a minha reza para que cultives.
Perdoa a água ardente entre quatro paredes, com tua imagem condensada nos tijolos e, teu fantasma que me perseguindo, sempre.
Perdoa minha utopia deslizando pelas tuas pernas, enquanto meus olhos deslizam pela tua boca.
Perdoa meu viver-te assim de longe, e minha indecorosa lucidez em não te dizer.
Perdoa minha destreza em te sentir, e minha subversão segurando cuidadosamente o teu coração.
Perdoa o meu andar na dissimulação de te encontrar.
Perdoa o som da minha boca, insistindo em sorrir. E todo o caos que envolve corpo, alma, ar, na voracidade dos teus ossos, água e ar.
Perdoa contemplar-te depois de me contemplar... 
Perdoa enfim primeiro amar-me, e continuar sempre, a caminhar.

Um comentário:

  1. Voar contigo é bom demais. É surpreendente esse dom de achar as palavras certas com os sentimentos mais incríveis. Sou teu fã!

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Fração de segundos...