quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Guarnecer.


Não é preciso escrever longas linhas, para encantar olhos alheios, já que o encanto começa de ti mesmo.
Um simples sopro no vento é suficiente.[...]
Mesmo não sabendo, não vendo, ele vai. Vai para longe dos olhos, leva o gosto dos lábios que o sopro sugou.
Transpira a saliva que o vento fortifica, petrifica.
Da pedra faz poeira que suavemente com impacto ímpeto faz cair nos olhos, que começam a arder. Mais que depressa as mãos agem, vão de encontro aos olhos agora vermelhos. O coçar acontece. Entretanto não é suficiente. O sinal é dado quando um dos olhos se fecha. Agora é preciso lavá-los com água para que a poeira saia. As pernas agem com sensatez e rapidez de encontro à água. Então, não só olhos, mas todo o rosto é tocado pelas gotas de água gelada. O alívio começa a aparecer. A ardência vai desaparecendo aos poucos. Aos olhos alheios a poeira se perdeu entre as partículas de H2O. Porém, não só os olhos que arderam, mas as mãos e toda a face carregam a poeira, que ficou impregnada entre as unhas e cílios. Sentem o gosto da saliva que o vento carregava, e agora também querem salivar contra o vento- palavras.
[...]

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