Não me convém conter palavras por medo. Embora as tempestades de verão atrapalhem as tardes de sol, são fundamentais no crescimento das flores da primavera. E eu, eu gosto de primaveras com muitas flores, cores, cheiros e sabores. Resgatar delas toda a essência que o movimento precisa e converter em passos.
Passos que o coração dá sem perceber, no meio das tempestades de verão. E que só são sentidos no florescer da primavera.
Primavera que pode aparecer no meio do inverno ou, em momento algum. A questão é cultivar serenamente as flores. Pois, elas não nascem do dia para a noite. E quando assim se fazem, acabam por murchar rapidamente. O gosto se vai e nem mesmo a cor é resgatada.
Que cor tem tuas flores? Que cheiro tem tua pele ao roçar nas cores? [...]
Os dizeres nas tempestades fortalecem as flores das primaveras. Flores que podem permanecer radiantes nos mais rigorosos invernos. Podem trazer risos e enxugar as lágrimas...
Não só de beijos vivem os amores. Não é só de calor que se faz o verão. As estações se condensam na pele e moldam a vida. Fazem do riso a harmonia do entardecer. Do choro a vontade de viver. E, das flores que um dia permitiram viver, acabam por deixar-nos morrer. Entretanto, mesmo não vivendo com as flores, elas trazem o morrer, pelo viver na ausência delas.
[...] Flores, cheiros e sabores que o coração insiste em querer, e a pele em transparecer...
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Fração de segundos...