sexta-feira, 26 de março de 2010

Ao lado dos meus dedos

Eu escrevia, quando olhei para o lado e vi aquele besouro olhando para mim.
Querendo que abrisse minha cabeça e o colocasse dentro, para então conseguir comer o meu cérebro. Pobre besouro. Como poderia pensar que conseguiria tamanha proeza?
Mal posso eu, tocar no meu cérebro enquanto cai junto com os pedaços de minha cabeça, como poderia deixar um pequeno besouro fazer isso?
Ali ficamos, um olhando para o outro. Suavemente e cuidadosamente pego o besouro e o jogo por debaixo da porta. ‘Este não volta mais a me olhar!’ Assim pensei eu.
No outro dia porém, enquanto me remexia na cama contando cordeirinhos para desviar os pensamentos enquanto espero o sono, consegui ver suas pequenas anteninhas entre o reflexo da luz que passava pela porta do meu quarto e refletia em minha cadeira. Ali estava ele, andando vagarosamente para que eu não o visse. Não acreditei. Em questão de segundos já estava em pé com a luz acesa olhando para aquele besouro que sorria debochando da minha cara. Era o mesmo besouro. Ele faz isso porque sabe que não tenho coragem de matá-lo. Derrubei-o em cima de uma camiseta de uma banda qualquer que estava na cadeira e o levei até a porta novamente. Sem querer, deixei-o cair ao chão.
Assim que suas assas encostaram no chão frio da minha casa, o som começou. O besouro chorava... Não o coloquei para fora de casa, deixei ele lá e voltei para o quarto com os olhos arregalados temendo que ele me aparecesse á porta. Sem perceber dormi.
No dia seguinte dormi na varanda, ele deve ter aparecido no meu quarto novamente. Mas não me achou. Acabou perdido entre meio a poeira e as louças. Não o vi mais. Mas eu sei que ele me vê.

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Fração de segundos...