segunda-feira, 8 de março de 2010

Dentro do armário.

"Eu nunca fui importante em minha vida, mas talvez meus filhos sejam."
Esta frase não é minha. Ouvi numa quinta-feira, dia que todos julgariam como um dia qualquer, mas foi um dia muito além do que a simplicidade em que se espera ao contemplar um café...
É difícil controlar os pensamentos, em meio a toda turbulência que nos cerca,
nesse mundo cheio de propagandas e semáforos tentando nos cegar. Em meio á tanta luz e poeira que nos jogam aos olhos, é preciso de muita água nas vistas para conseguir ver. É preciso ter coragem prá ver. Nunca deixei de sonhar. Sonho muito. Porém, estou na realidade, sinto a realidade e sei que a vida não é feita somente de sonhos. Preciso viver a realidade para fazer com que os sonhos se concretizem. E, apesar de, desde muito pequena, ter sentido o peso da realidade nas costas, não deixei de sonhar em nenhum segundo. Porém, quando mais nova, e imatura, via os sonhos de uma forma que julgo como pura, inocente. Então apareceu a sociedade e me mostrou o verdadeiro lado dos sonhos, e eu tive de entender como as coisas realmente são [ou não?]. Que as expectativas que criamos á respeito do que queremos, mudam e se moldam a partir do que moldamos ao nosso redor e, ao que o nosso redor molda na gente.
Que as flores de maio nem sempre são tão azuis, quanto poderiam ser. Que as cores desbotam com o passar do tempo. Que as pessoas mudam freqüentemente. Que se pode picar os cabelos, pintá-los da cor do sol, vestir o que for, mas, quem você realmente é jamais vai mudar. Você passa a entender que todas as garrafas de vodka do mundo, não vão acabar com a dor de um coração partido. Que pessoas não podem ser substituídas, que a verdadeira essência de cada um que você cruzou na estrada, vai te acompanhar até o fim dos teus dias. Você entende que nenhum curso de inglês, ou curso superior, ou livros que se dizem explicar a humanidade, não vão te dar o conhecimento que somente a convivência traz. Que há traços que só existem em seu rosto, e que a calça que fica bem nas modelos, ao contrário do que diz a TV, não fica bem em você. E não há estilista que vá mudar isso. Você passa a entender que grandes pensadores criaram concepções para mudar a sociedade no período histórico em que viveram e que hoje, a sociedade está muito diferente do que naquele período, que aquilo que aquele pensador idealizou não se encaixa mais nos nossos dias, que não se pode mudar isso [ou pode?]. Com os anos, você passa a se preocupar mais com as ruas que cercam a tua casa, do que com a fome da África. Percebe que se uma catástrofe acontecesse onde você morra, os jornais falariam do acontecido durante determinado tempo, mas que ninguém vai saber da sua existência, tão pouco se importar com ela. Vê que com o tempo, a catástrofe se torna estatística, com o tempo, perdida no tempo. Começa a se preocupar com seus pais, passa a dar realmente valor para o sangue do seu sangue e tenta aproveitar cada segundo com a família, tentando não sentir o medo de um dia ter a ausência deles. Tenta afastar o medo da própria ausência. O tempo nos transforma. Como se todas as estações de todos os nossos anos de vida estivessem em uma pequena caixa escura. Que precisamos ter nossa própria luz para conseguir ver a Lua. Com o tempo, aprende-se a viver.
É como querer sugar toda a essência da vida, realmente viver. Sentir a vida correndo por entre nossas veias. Sentir o coração bater. Fechar os olhos ao dormir querendo acordar na manhã seguinte... O tempo, o passar do tempo, faz a vida pulsar intensamente...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fração de segundos...