Encontras-te! De que tens medo? Rasga todos os teus velhos desejos e alimenta o desejo que permanece a ação do rasgar... porque aí não será medo nem desejo: será ação condizendo com a visão do teu coração.
terça-feira, 26 de novembro de 2013
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Estive nu. Vazio.
Silêncio.
Não conseguia ver se não branco na neve que me rodeava.
Vazio petrificado.
Meu cérebro nada mais era do que uma pedra de gelo
transformada em diamante.
Estive constantemente preso.
Mas em um instante...
Movo meus dedos e toco meus ouvidos.
Tremo.
Ouço um grito.
Um som distante, dissonante.
Reconheço acordes tão longínquos,
eu fora errante.
A neve move-se e meu corpo em distorção
Dilata enfim os olhos.
Finalmente abrir-se-ão?
-
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Fala da hipocrisia alheia sem perceber o quão hipócrita tu és.
Olha bem para os teus passos, teu batom perfeito vermelho,
derretendo em nojo de estar em você - hipócrita menina!
Teu cabelo escorre sem forma, tu negaste sempre quem és.
Tua imagem não vale de nada,
tuas palavras causam riso e
teu conhecimento todo grudado em livros.
Não consegue expandir,
decorar já te deixa feliz.
Desfila em salto alto e
não vê a poeira em teu sapato,
porque não a tens.
Tu não caminhas,
apesar de ter passos,
só segue - hipócrita menina.
Não consegue ver no outro, nada além de ti.
Tornou-te lama no asfalto,
alheia, ao que te faz sorrir.
Fala da hipocrisia alheia sem perceber o quão hipócrita tu és.
Olha bem para os teus passos, teu batom perfeito vermelho,
derretendo em nojo de estar em você - hipócrita menina!
Teu cabelo escorre sem forma, tu negaste sempre quem és.
Tua imagem não vale de nada,
tuas palavras causam riso e
teu conhecimento todo grudado em livros.
Não consegue expandir,
decorar já te deixa feliz.
Desfila em salto alto e
não vê a poeira em teu sapato,
porque não a tens.
Tu não caminhas,
apesar de ter passos,
só segue - hipócrita menina.
Não consegue ver no outro, nada além de ti.
Tornou-te lama no asfalto,
alheia, ao que te faz sorrir.
domingo, 24 de novembro de 2013
Continu-ar
Punha um laço no cabelo e sorria.
Passeava com o canto dos pássaros, desenhava sinfonias que demarcavam
o gosto dos dias:
azul- lilás a enfeitar o jantar; o amanhecer com o canto do sabiá, prá
almoçar as letras pavimentadas no ar – respirava.
Sorria com o beija flor sempre a alimentar o doce girassol, ainda que
os dias fossem nublados.
Pela janela via.
Escondia o olhar repousando seus passos.
Passeava a cantar o voar dos pássaros.
Dançava em liberdade sem indagar seus traços.
A noite, repousava o coração e desejava continuar seus pequeninos
passos:
punha os sapatos e percorria todo o espaço.
Os sonhos enfeitavam seu laço,
e o cabelo solto voava alcançando não só os pássaros, mas também
os desejos eternos que mantinham-na a voar.
A lutar.
A sonhar.
sábado, 23 de novembro de 2013
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Sacia tua
cede enquanto há gelo;
depois não
adianta ficar com receio.
O sol queima
quando ninguém vê,
e as
estrelas encantam o entardecer,
do tempo.
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
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Outra vez.
Então calo. Ouço teus passos, o sussurrar no ouvido e guio.
Ando ao que se faz em doce pose- estátua.
Pára entre o poste e a calçada e amarra os amores no
Cadarço com as cores:
Arco – íris colhendo o telhado
Das flores cinzas, de baixo do asfalto e
Esmago os sonhos cortando em pedaços o
Espaço, respirando enfim os traços
Das palavras que não encontrei no dicionário
Aquelas que não há som prá dizer
Toque prá sentir
Vontade de querer
Os pontos que congelam e estilhaçam
A fonte que jorra na vida, encobrida no teu vocabulário
Onde está o escapulário?
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
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Sem eixo sintagmático, a prática pedia ação.
Sem teoria ou lamentação, se não
O abismo irá percorrer ainda mais as tuas mãos.
Teus desejos desprovidos
Tua falta de sentido
em teu distante inimigo, tua falsa ilusão.
Quem és tu então?
Se não controlas tua própria pulsação,
Não consegue sentir tua respiração?!
Ela sente,
Aqui perto,
Em ti.
No eu que não há
Voltando a estar,
Em ti.
Em mim.
Sem eixo paradigmático, a pragmática ao fim
Ainda ajoelha-se em oração.
Pede que bata o coração.
E o teu próprio eixo
não pergunta
Sabe,
Bateu, bate. a-té.
é.
sábado, 2 de novembro de 2013
Ou-vir
“-Ouça o silêncio!”
Entre um acorde e outro
reproduzido pelo grande e velho piano empoeirado, sobressaía a voz daquele
também grande e velho, homem.
“-Ouça o silêncio!”
Tornava a repetir
incansavelmente o avô à pequena menininha que, encantada com a vastidão de
cores que entrelaçavam-se dançando acima do piano, e faziam-na sentir o suave
gosto de pêssego correr pela boca enquanto apreciava com toda a serenidade e
não menos entusiasmo, a mesma serenidade e entusiasmo refletidas no movimento
das mãos do avô, que mais uma vez dizia:
“-Ouça o silêncio!”

“-Ouça o silêncio! Pois
é nesse silêncio que você acabara de contemplar, que a arte se faz. É nesse
silêncio que a obra carrega, que desperta os nossos sonhos, que nos traz um novo
sentido aos sentidos, que nos permite criar, transformar... primeiro a nós
mesmos... que a arte mais uma vez se faz. E sempre fará! Porque a arte minha
netinha, a arte transforma o mundo!”
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