O Sol escorria pela minha face que encostada ao chão, umedecia-o. E a
janela tocava delicadamente a cortina que dançava o tango proposto pelo vento,
enquanto eu despejava os meus lamentos.
Já não havia mais nada...
Era apenas a lembrança intacta do futuro desejado em um passado que
não aconteceu.
Restava apenas Eu.
O Eu raso no espelho profundo, com constelações clareando os olhos,
mas sem outro Sol para orbitar.
Já não existia mais lar. Nem existiu.
Tudo eram paredes que cercavam aquele velho ego aprisionado na
imensidão do espaço que construí e que tirou minha direção.
Onde estará o Norte então?
O calor do Sul remontava as lembranças que engasgadas ressoavam os
ecos da solidão – intacta: feito o retrato amarelado daquele riso escancarado
que quase sempre me dizia não.
A vida sempre havia de ser uma negação.
E então, a descoberta...
O Natimorto era eu. Aprisionado nos meus passos que até então
congelados, agora derretiam ao som dos acordes do acordeom.
As bombas explodem além da janela.
É, o tango me emociona.
Ainda há tanto para se dizer – viver.
Continuo a escrever.
Continuo a escrever.
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Fração de segundos...