[continuação: 'Toda vida que há em mim na vida.']
Levantei-me do banco e tomei o rumo do meu apartamento. Chegando, não usei o elevador, subi vagarosamente cada degrau que compõe a escada. Parecia que conseguia ver cada partícula de poeira ali no chão. Parecia que conseguia ver cada pessoa que passara por aqueles degraus antes de mim, e, tinha certeza de que nenhuma se lembraria de mim, eu usava o elevador. Fiquei parada olhando para minha porta fechada, nostalgicamente apreciando tudo que ele guardava nas suas costas. Até que meu vizinho que beirava os quarenta, enquanto segurava uma maleta e afrouxava a gravata, veio em minha direção perguntando se eu por acaso, havia perdido minha chave. Não, não. Estou com ela em minhas mãos. Eu disse e ele insistiu: ‘O que faz aí parada então?’ Estava olhando para porta, respondi. Ele fez uma expressão de não ter entendido o que eu acabara de dizer, e me disse: ‘Se você precisar de alguma coisa, tem uma campainha ao lado da minha porta. Minha esposa pode te ajudar no que for, ela é uma ótima fisioterapeuta, vê bastante gente o dia todo, pode conversar com ela, que tenho certeza que te entenderá!’ Estou bem. Eu disse. Mas obrigada mesmo assim, qualquer coisa, chamá-los-ei. Ele poderia ter dito que sua esposa era simplesmente humana, mas, prevalece o que se faz. Abri a porta, e dessa vez somente a fechei, sem passar a chave. “Que os ladrões roubem os meus bens e o meu coração!” Coloquei meus exames numa gaveta qualquer e fui tomar um banho. Tirar o peso do dia da minha pele e regenerá-la para que pudesse agüentar o peso do dia seguinte [como se dias fossem pesados, não leves]. Ali estava eu. Nua. Olhando para mim mesma. Tocando em cada pedacinho do meu corpo, contemplando cada célula do meu corpo. Saí do banho, quando meus dedos estavam todos enrugados por conta da água quente. Sem a menor pressa me vesti. Preparei um macarrão bem simples, mas com muito molho, eu gostava muito de cozinhar, apesar de fazer coisas simples. Quando me senti satisfeita, com o estômago cheio de macarrão, fiz um café. Arrastei meu pequeno sofá até a sacada, estirei-me nele e fiquei horas contemplando as estrelas que piscavam para mim no céu. Adormeci.
Levantei-me do banco e tomei o rumo do meu apartamento. Chegando, não usei o elevador, subi vagarosamente cada degrau que compõe a escada. Parecia que conseguia ver cada partícula de poeira ali no chão. Parecia que conseguia ver cada pessoa que passara por aqueles degraus antes de mim, e, tinha certeza de que nenhuma se lembraria de mim, eu usava o elevador. Fiquei parada olhando para minha porta fechada, nostalgicamente apreciando tudo que ele guardava nas suas costas. Até que meu vizinho que beirava os quarenta, enquanto segurava uma maleta e afrouxava a gravata, veio em minha direção perguntando se eu por acaso, havia perdido minha chave. Não, não. Estou com ela em minhas mãos. Eu disse e ele insistiu: ‘O que faz aí parada então?’ Estava olhando para porta, respondi. Ele fez uma expressão de não ter entendido o que eu acabara de dizer, e me disse: ‘Se você precisar de alguma coisa, tem uma campainha ao lado da minha porta. Minha esposa pode te ajudar no que for, ela é uma ótima fisioterapeuta, vê bastante gente o dia todo, pode conversar com ela, que tenho certeza que te entenderá!’ Estou bem. Eu disse. Mas obrigada mesmo assim, qualquer coisa, chamá-los-ei. Ele poderia ter dito que sua esposa era simplesmente humana, mas, prevalece o que se faz. Abri a porta, e dessa vez somente a fechei, sem passar a chave. “Que os ladrões roubem os meus bens e o meu coração!” Coloquei meus exames numa gaveta qualquer e fui tomar um banho. Tirar o peso do dia da minha pele e regenerá-la para que pudesse agüentar o peso do dia seguinte [como se dias fossem pesados, não leves]. Ali estava eu. Nua. Olhando para mim mesma. Tocando em cada pedacinho do meu corpo, contemplando cada célula do meu corpo. Saí do banho, quando meus dedos estavam todos enrugados por conta da água quente. Sem a menor pressa me vesti. Preparei um macarrão bem simples, mas com muito molho, eu gostava muito de cozinhar, apesar de fazer coisas simples. Quando me senti satisfeita, com o estômago cheio de macarrão, fiz um café. Arrastei meu pequeno sofá até a sacada, estirei-me nele e fiquei horas contemplando as estrelas que piscavam para mim no céu. Adormeci.

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