sexta-feira, 7 de maio de 2010

Fora do compasso.

Eu não sou...
Eu não sou eu. Eu sou outra pessoa.
Não sou quando falo, ando, sorrio ou choro. Tão pouco sou meus pensamentos.
Eu sou o que acontece antes mesmo dos meus olhos abrirem. Eu sou a explosão que gera o pensamento, que faz com que minhas mãos e pernas se movimentem, suavemente. Portanto, não penso estar certo, afirmar que sou eu agora escrevendo. A menina que esta aqui escrevendo é controlada pela menina que eu sou, lá no fundo; olhando tudo de cima. Não posso dizer que eu sou este eu, mas sim, dizer que este eu, que agora está sentada a escrever, é uma parte na formação do meu eu. Um eu, muito mais complexo, do que gestos, palavras e pensamentos. Um eu, muito além da imagem que você vê quando me encontra na rua. Um eu que nem mesmo a chuva pode tocar...
Então, eu sou dividida em partes. Pequenas, grandes, com formas variáveis, que em determinado momento, possivelmente tornam-me real aos olhos daqueles que me cercam. Ou irreal, dependendo da maneira com que se olha. Posso até dizer que sou a mescla dos dois. Ora sou eu, ora sou a ausência desse eu.
Eu sou o azul escuro lá no fundo, que está tão perto da minha pele, quanto o mar está da areia. Eu sou a possibilidade que uma partícula do tempo, designou o rompimento das múltiplas forças, que deram o primeiro passo na explosão que separou todas as partes de mim, e que futuramente formariam o Eu que agora Sou. E o que sou agora, está em constante atrito com tudo ao meu redor, para que no suposto sim, que o meu eu desenhará, eu me desintegre e volte a ser as partículas divididas que em determinado momento fui, para então, estas partículas que agora estão divididas, comecem a se juntar novamente, na busca de formar um ‘novo’ eu, mais ‘certo’...
Eu sou, contudo, a interminável busca de mim mesma, que o eu maior que eu construiu nas batalhas dos eu’s que me formam, no intuito de tornar todos esses eu’s um só eu. Para que o eu que sou de verdade, pudesse então descansar depois de todas essas batalhas contra mim mesma, vendo que o eu que eu construí, consegue andar com as próprias pernas, sem eu estar ali, gerando todo o ‘caos’ para que elas se movimentem...
[...]

Um comentário:

  1. Bom texto, Luana. Uma ótima reflexão...
    Gostei muito desta oração: "...Eu sou, contudo, a interminável busca de mim mesma..."
    Visite meu blog, lá tem um texto que fala da natureza humana, logicamente que aquele é puro cientificismo, mas pode ser que goste :]

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Fração de segundos...